Rose Romero

Quando a cabeça vira um repolho

Estamos um tanto loucos e inquietos. Dependentes do celular, da internet, do WhatsApp, dos vídeos curtos, das fofocas, das fotos compartilhadas.

Estamos cansados e incapazes de parar. Ligados em uma máquina gigantesca que nos reduziu a mercadorias. E segundo a lógica dessa máquina que ninguém vê, não sabemos mais o que é trabalho e o que é descanso, o que é sério e o que é futilidade.

Estamos perdidos em um sonho e, no entanto, estamos acordados. Vivemos uma espécie de hiper-realidade, onde o limite entre o real e a simulação desapareceu. Não sabemos mais o que é verdadeiro e o que é encenação. Aliás, pouco importa. Se aconteceu ou não aconteceu, pouco importa. O que importa é que pareça ter acontecido. Assim, inventamos ídolos em segundos. E destruímos reputações ainda mais rápido.

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Estamos dominados pelas irrelevâncias. Os homens brincam de carrinho (inclusive com seus carrões) em qualquer idade. Ou com drones, ou com aeromodelos, ou com trens em miniatura. Ótimo. Porém, se uma mulher brincar de mãe com um bebê reborn, ela é considerada louca. Para dizer o mínimo. O caminho que tornou os bebês reborn sintoma de monstruosidade e demência é desconhecido. A maioria de nós jamais viu um. Mas o tema é pauta em toda a mídia. Quem criou tanta lenda sobre isso? E por quê?

Aldous Huxley, um inglês aristocrático de quase dois metros que viveu na primeira metade do século passado e escreveu um livro chamado Admirável Mundo Novo, previu que construiríamos uma ditadura baseada no prazer. A sociedade imaginada por ele não precisaria de violência para ser mantida, pois estaria entregue ao conforto e ao entretenimento. Para Huxley, quando tudo virasse diversão, os humanos perderiam a capacidade de pensar.

Não por acaso, o entretenimento é tão cultuado atualmente. Em todas as esferas. Se possível, em todos os momentos. Quase um Admirável Mundo Novo. Caso você consiga escapar das armadilhas das telas, vai ser difícil fugir das muitas outras formas de distração e encanto momentâneos.

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E precisa?

Precisar, não precisa. Mas vamos combinar: se estamos sendo controlados por isso; se o hedonismo é a arma para nos manter submissos, algo não vai bem neste nosso mundinho.

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Ricardo Gais

Natural de Santa Cruz do Sul, Ricardo Luís Gais, 27 anos, é jornalista multimídia no time do Portal Gaz desde 2023.

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