ads1 ads2
GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Queda de ponte em Agudo completa dez anos neste domingo

ads3

Vazio na paisagem: forte enchente fez ruir estrutura sobre o Jacuí em 5 de janeiro de 2010

ads4

Um dia inesquecível. É a definição do 5 de janeiro de 2010 para os moradores de Agudo, município com cerca de 20 mil habitantes, na Depressão Central do Estado, a 96 quilômetros de Santa Cruz do Sul. Há dez anos, 150 dos 314 metros da ponte sobre o Rio Jacuí, no quilômetro 191 da RSC-287, cederam e provocaram a queda de 15 pessoas na água, exatamente às 8h51. O desabamento, na divisa com Restinga Seca, vitimou cinco pessoas: Nelo dos Santos, Renato Camargo, Denise Marion Dumke, Lori Ella Niemeyer Dumke e Hilberto Boeck, este vice-prefeito na época. Foram 11 dias de buscas, com uma força-tarefa para resgate de todos os corpos.

Conforme a Polícia Civil de Agudo, a conclusão do inquérito que apurou a queda da ponte foi a de que o nível do rio havia ultrapassado o limite que a estrutura tinha capacidade para suportar. Laudos técnicos e depoimentos de especialistas teriam indicado que a manutenção da ponte havia sido feita de forma adequada pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), segundo o relatório do delegado Eduardo Flores Machado.

ads6 Advertising

Publicidade

Relatos
Uma década depois do ocorrido, as memórias permanecem vivas na mente de quem presenciou a cena ou de quem sofreu com as consequências. As feridas abertas de forma profunda custam a cicatrizar. Para a viúva de Hilberto Boeck, Leni Hörbe Boeck, de 65 anos, janeiro é um período de tristeza. “Nossa família sente muito. Ele faz muita falta. Era uma pessoa com muitos amigos na comunidade. Não parece que já se passaram dez anos. Tem de se ter força para seguir em frente”, diz.

Quem sentiu na pele o drama de ser engolfado pelas águas do Rio Jacuí não esquece os detalhes daquela manhã. A primeira parte a cair foi a central. Depois, uma das cabeceiras começou a ruir. “Eu estava mais para a ponta. A tragédia poderia ter sido maior. Quando cheguei, havia muito mais gente em cima da ponte. Não senti ela tremer antes, como alguns chegaram a notar”, recorda o caminhoneiro Frederico Boeck, de 53 anos. Para se salvar da correnteza, mergulhou e lutou para voltar à superfície quando o concreto ficou escorado no barranco. “Mesmo com os olhos abertos, não enxergava nada. Era fundo, e a água estava suja. Cheguei a pensar que não conseguiria. Faltava fôlego, e engolia água. Quando vi uma luz, tive esperança. Consegui sair da água por pouco. Mais alguns segundos e eu teria sido levado. Não era a minha hora.”

Frederico conseguiu sair da água por pouco. Foto: Lula Helfer
ads7 Advertising

Publicidade

Depois do episódio, Erni voltou ao local somente quando a governadora Yeda Crusius foi até a ponte, com a Defesa Civil estadual. “Diariamente, eu fui para fotografar o serviço de resgate. Eu levava tambores de gelo e água para as equipes. Foi algo muito marcante”, define.

Erni foi salvo por um detalhe. Foto: Lula Helfer

Leni conta que o marido foi ao local para tirar fotos, por ser o coordenador da Defesa Civil. “Não foi a minha hora. Encontrei um casal de amigos na ponte anterior, e ele seguiu. Se eu não tivesse ficado conversando, teria caído também”, ressalta. Ela afirma que chegou a ver o marido na água, mas que o perdeu de vista ao se distanciar da borda, já que havia risco de um novo desabamento. “Ele acabou ficando preso em uma árvore. Se não fosse isso, poderia boiar e talvez conseguir se salvar. Quando a água baixou, encontraram ele embaixo
da árvore.”

Leni chegou a ver o marido na água. Foto: Lula Helfer
ads8 Advertising

Publicidade

Márcio relatou a queda da ponte ao vivo. Foto: Lula Helfer

LEIA MAIS:
Queda da ponte em Agudo, há cinco anos, continua viva nas lembranças
Famílias que perderam tudo em 2010 contam como reconstruíram suas vidas

ads9 Advertising

© 2021 Gazeta