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Nos últimos anos, muitos lojistas brasileiros enxergaram nos marketplaces uma porta de entrada rápida para o mundo digital. De fato, vender em plataformas como Mercado Livre, Shopee ou Amazon pode parecer o caminho mais fácil: o público já está lá, a estrutura está pronta e basta cadastrar os produtos para começar a vender.
Mas o que parece uma vantagem no início pode se tornar uma armadilha com o tempo. Muitos lojistas estão percebendo que viver só de marketplace é como montar uma loja em um shopping onde o aluguel aumenta todo mês e o dono do espaço pode mudar as regras a qualquer momento. Você não tem controle sobre os dados dos seus clientes, depende das taxas que são cada vez mais altas e precisa concorrer diretamente com grandes marcas — muitas vezes com orçamentos bem maiores.
Além disso, os custos escondidos vão aparecendo. A comissão cobrada por venda, os custos logísticos, os investimentos em anúncios dentro da própria plataforma… No fim das contas, o que sobra de lucro costuma ser muito pouco. E o pior: toda essa estrutura não constrói valor para a sua marca. Quem compra lembra do marketplace — não do seu negócio.
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Essa dependência deixa o lojista vulnerável. Basta uma mudança nas regras da plataforma ou uma queda no seu ranqueamento para as vendas despencarem. Por isso, é essencial entender que marketplace pode ser um canal de vendas — mas não deve ser o único. Construir um negócio saudável e com futuro exige mais do que estar onde todos estão. Exige controle, estratégia e identidade própria.
Vender apenas em marketplaces pode parecer conveniente, mas essa escolha traz uma série de limitações invisíveis e perigosas para o crescimento do seu negócio. O primeiro grande problema é que você não tem acesso aos dados dos seus próprios clientes. Ou seja, não sabe quem comprou, não consegue criar um relacionamento direto e não pode usar essas informações para fazer novas ofertas, criar promoções ou fidelizar quem já comprou de você.
Além disso, você não controla a experiência de compra. O layout da vitrine, o tipo de atendimento, a embalagem, tudo é padronizado pela plataforma. Isso dificulta muito a construção de uma marca forte e memorável. O cliente pode até gostar do seu produto, mas vai se lembrar mais do marketplace do que da sua loja.
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Outro ponto crítico está na precificação e nas margens. Os marketplaces cobram comissões por venda que, somadas a outros custos operacionais, reduzem bastante o seu lucro. E como você está disputando espaço com milhares de outros vendedores, muitos deles oferecendo o mesmo produto, a competição vira uma guerra de preços. Resultado: você vende, mas não ganha.
Por fim, existe a vulnerabilidade diante das regras do jogo. Um simples ajuste de algoritmo, aumento na taxa de comissão ou suspensão injusta da sua conta pode derrubar todo o seu faturamento de uma hora para outra. Você está nas mãos de uma plataforma que decide as regras, e isso é sempre arriscado. A verdade é simples: quando você depende só do marketplace, você abre mão de construir algo que é realmente seu.
Ter uma loja própria é dar um passo importante rumo à liberdade e ao controle do seu próprio negócio. Quando o lojista sai da dependência exclusiva dos marketplaces e começa a construir seu espaço, ele passa a definir as regras do jogo. Isso vale tanto para lojas físicas quanto para lojas virtuais.
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Ao criar uma loja própria, o lojista pode personalizar o atendimento, cuidar da apresentação da marca e oferecer uma experiência que reflita a identidade do seu negócio. Além disso, ganha acesso direto aos dados dos clientes, o que permite entender melhor o público, fazer ações de fidelização e planejar campanhas mais eficientes.
Outro benefício importante é a possibilidade de criar um vínculo verdadeiro com quem compra. A construção de marca vai além de ter um logotipo bonito. É sobre fazer o cliente lembrar de você, confiar em você e preferir a sua loja, mesmo que existam outros vendendo o mesmo produto. Marcas fortes não competem só por preço, elas competem por conexão e confiança.
Não é preciso começar com grandes investimentos. Uma loja virtual bem estruturada, com identidade visual clara, informações organizadas e boa comunicação já faz diferença. O importante é dar o primeiro passo com estratégia e visão de futuro.
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Ter sua própria loja não é apenas uma alternativa. É um caminho essencial para quem quer construir um negócio sólido, duradouro e com nome reconhecido no mercado.
A Havan é um dos exemplos mais visíveis no varejo brasileiro de como uma marca pode crescer com força própria e independência. Parte importante desse sucesso vem da presença marcante do seu fundador, Luciano Hang, que decidiu colocar o rosto na frente do negócio e se tornar o porta-voz direto da marca. Essa estratégia, além de inusitada, gerou identificação com o público e criou uma conexão difícil de copiar.
Ao se expor e se comunicar diretamente com os consumidores, o dono da Havan transformou a loja em algo mais do que um ponto de venda. Criou uma comunidade, uma narrativa e um estilo reconhecido em qualquer parte do país. Isso trouxe não só visibilidade, mas também autoridade. As pessoas lembram da marca, confiam nela e reconhecem sua identidade, o que se traduz em mais vendas e lealdade.
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Esse exemplo pode parecer distante da realidade de um pequeno lojista, mas a essência é a mesma. Mostrar quem está por trás do balcão, usar as redes sociais para se comunicar com o cliente, contar histórias reais do negócio e participar ativamente da construção da marca são atitudes que qualquer lojista pode adotar, mesmo sem grandes recursos.
A chave está em criar um vínculo com o público e se posicionar com autenticidade. No fim das contas, as pessoas se conectam com pessoas. E quando o cliente vê quem está por trás da loja, passa a enxergar mais valor em comprar ali.
Se depender apenas dos marketplaces não é sustentável, a pergunta natural é: por onde começar? Abaixo estão algumas estratégias simples e realistas que qualquer lojista pode adotar para construir autonomia e fortalecer seu negócio no digital.
Os marketplaces ainda são importantes. Eles concentram tráfego, oferecem estrutura pronta e podem gerar vendas rapidamente. Para muitos lojistas, servem como uma porta de entrada para o mundo digital. Por isso, não se trata de abandonar essas plataformas, mas sim de usá-las com consciência.
A melhor forma de encarar o marketplace é como se fosse uma loja dentro de um shopping. O movimento já existe, o aluguel pode valer a pena, mas você não manda no espaço. Pode ser vantajoso estar ali, mas não é inteligente depender só daquele ponto para sobreviver.
Utilizar o marketplace de forma estratégica significa aproveitar o volume de vendas para ganhar escala, girar estoque e aumentar o faturamento. Mas, ao mesmo tempo, é fundamental construir uma estrutura própria que permita contato direto com o cliente, controle sobre a margem de lucro e liberdade para crescer no seu ritmo.
Lojistas que usam os marketplaces apenas como um canal de apoio, enquanto fortalecem sua própria loja e marca, têm muito mais chances de crescer de forma sustentável. A combinação entre os dois mundos pode ser poderosa, desde que o centro da operação esteja nas suas mãos.
O varejo está mudando rápido. Se antes bastava ter uma boa vitrine e um ponto de venda movimentado, hoje é preciso estar presente em diferentes canais, formatos e momentos. Essa fragmentação do consumo traz desafios, mas também muitas oportunidades para o lojista que está atento.
Uma das mudanças mais visíveis é o crescimento do live commerce, que são as vendas feitas por meio de transmissões ao vivo, principalmente nas redes sociais. Essa forma de vender combina entretenimento com oferta direta e já faz muito sucesso em países como a China. No Brasil, o modelo ainda está se desenvolvendo, mas já mostra grande potencial, especialmente entre lojistas que sabem se comunicar com o público.
Nesse novo cenário, o lojista deixa de ser apenas um vendedor e passa a ser também uma espécie de influenciador local. Mostrar os bastidores da loja, falar sobre os produtos, ensinar o cliente a usar, dar dicas, contar histórias reais… tudo isso fortalece o relacionamento e constrói autoridade.
Quem aparece, conecta. E quem conecta, vende mais. Não é necessário ter equipamentos profissionais nem ser um especialista em vídeo. O mais importante é ter autenticidade e consistência. Um conteúdo simples, feito com o celular, mas com verdade, já é o suficiente para criar laços com o público.
O futuro do varejo pertence a quem entende que vender vai além de oferecer produtos. É sobre criar presença, construir confiança e marcar espaço na vida das pessoas. E isso começa com a decisão de sair do anonimato e ocupar o lugar de destaque que o seu negócio merece.
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