Você lembra ter lido algum best-seller que trate da alegria pura e simples? Alegria e simplicidade não significam ausência de sofrimento, até porque a dor pode nos orientar positivamente. Todavia, por que costumamos rechear nossos enredos de toda sorte de maldades para então a virtude se fazer espelhada? 

Por certo, você vai encontrar obras solares. Todavia, predominam os textos sacrificados, aqueles em que as narrativas se detêm sobre todas as desgraças para então, ao final, em poucas páginas, clarear tudo. Bem ao estilo das novelas, em que, no último capítulo, tudo se resolve: o bandido vai preso, desaparece ou morre enquanto a mocinha e o mocinho, enfim, realizam seu sonho dourado. Há uma espécie de enredo ensaiado: transitar por toda espécie de males, traições, desencontros, embustes, ameaças, atentados, manipulações para, então, um beijo ou um casamento selar a vitória do “bem sobre o mal”. E se os capítulos que mostrassem o bem-querer se prolongassem tão numerosos quanto os dos maus-feitos?

A justificar se diz que maldade é real, e é; que a alegria só tem sentido se for precedida pelo desencanto, quem sabe; que não se valoriza a felicidade se não se conhece a desgraça, pode ser. Todavia, é inquestionável que assim seja? Será o fundamento da satisfação a necessidade do lamento?  Precisamos ser “maus” para merecermos ser “bons”?

Publicidade

LEIA TAMBÉM: Interação sinérgica

E se as Utopias nos salvassem?

UTOPIAS? E SE AO INVÉS 

Publicidade

– de mísseis fossem lançadas as sementes de todas as plantas, cessassem as devastações e queimadas e os biomas fossem respeitados?

– dos estampidos das caçadas se ouvisse o som da natureza virgem, acabasse a pirataria de animais silvestres, fossem libertados os pássaros de suas gaiolas, as arapucas fossem destruídas, os tubarões e rãs deixassem de ser mutilados, as abelhas pudessem polinizar sem se intoxicar e as galinhas, peixes, suínos e o gado não fossem reduzidos a fábricas de proteínas?

– da mineração degradadora se optasse pelas águas sem mercúrio, sem descuidados acúmulos de rejeitos e intoxicações?

Publicidade

– da emissão inescrupulosa de efluentes e dejetos fossem as águas, as rochas, as terras e ares liberados de suas impostas cargas poluentes?

LEIA TAMBÉM: Folhetim: A cura

– dos mares serem transformados em depósitos de plásticos e lixo de toda ordem pudessem suas ondas ir e vir em generosa capacidade oxigenatória?

Publicidade

– da vulnerabilização das pessoas fossem elas todas admiradas, reconhecidas como igualitárias nas oportunidades, diferenciadas em suas individualidades e congregadas em sua coletividade?

– dos investimentos seletivos e personalistas se priorizasse o acesso igualitário à pesquisa, educação, trabalho digno, lazer reparador e saúde integral?  

– de muros, fossos e cercas se construíssem vínculos, pontes e conexões? 

Publicidade

– do ofuscamento das “bolhas” delas nos livrássemos com a leveza possível e densidade necessária?

– da condição de reféns de nossas próprias “certezas” nos mantivéssemos fiéis às causas relevantes?

– da herança acumulativa legássemos reais possibilidades de paz, justiça, liberdade e ambiência saudável?

– da apropriação gananciosa se compreendesse que o Planeta e o Universo não têm donos, mas conviventes geobiodiversos?

– da acomodação, do conformismo e da apatia decidíssemos pela solidária empatia transformante a começar por cada um de nós?

LEIA TAMBÉM: Olhos borbulhantes

EIS QUE CHEGA SETEMBRO

Sejamos honestos. Por mais que nos agendemos propositivamente e tenhamos as utopias em nosso horizonte, não escaparemos das mazelas e maldades, porém, com certeza, podemos ser muito, mas muito, melhores do que estamos sendo. Queremos? Que a primavera datada em setembros nos impulsione virtuosamente o dia inteiro de todos os meses dos muitos anos.

LEIA MAIS TEXTOS DE JOSÉ ALBERTO WENZEL

QUER RECEBER NOTÍCIAS DE SANTA CRUZ DO SUL E REGIÃO NO SEU CELULAR? ENTRE NO NOSSO NOVO CANAL DO WHATSAPP CLICANDO AQUI 📲. AINDA NÃO É ASSINANTE GAZETA? CLIQUE AQUI E FAÇA AGORA!

Karoline Rosa

Share
Published by
Karoline Rosa

This website uses cookies.