Benno Kist

Rally nas nossas serras

Aventura arriscada e perigosa vivenciei em retorno à estrada 153, de Vale do Sol à serrana Soledade, viagem anual familiar com destino ao Oeste de Santa Catarina, que faço sempre em setembro, de carro, já há um bom tempo. Embora as obras de asfaltamento da estrada não tenham tanto tempo, não me lembro de que ela estivesse alguma vez em reais boas condições em todo trajeto. Inclusive foram feitas partes novas em fases mais recentes, mas logo já se deterioram, mostrando um dos problemas ali configurados: a falta de qualidade nos serviços.

Entre 18 e 22 deste mês, voltei ao trecho já alertado por reportagem do nosso jornal de que precisaria redobrar cuidados em alguns pontos, entre o Vale, Herveiras e Gramado Xavier. Essa informação e a prevenção tomada ajudaram a vencer os obstáculos, mas não evitaram a exigência de superatenção – e consequente tensão – para não ser vítima dos buracos, com prejuízos materiais no veículo e, pior, possíveis riscos humanos.

Tive que reviver a fama dos primeiros tempos de atividade jornalística na nossa Gazeta, há 50 anos, quando ainda se usava “clichês” para publicar fotos. A necessidade de inserir alguma fotografia de última hora exigia que fosse levada com urgência à clicheria Tschiedel, que funcionava nos altos da Marechal Deodoro, onde o proprietário já sabia que precisava fazer um trabalho extra quando apontava, de repente, a Variant vermelha do jornal e, com manobras rápidas, estacionava à frente da empresa. Resmungando, dizia: “O que ainda quer o nosso “Fittipaldi” (então campeão brasileiro da Fórmula 1), com tanta pressa a esta hora?”.

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Pois, agilidade semelhante foi requerida neste verdadeiro “rally” (automobilismo em terrenos mais difíceis) feito por essa via, que faz parte de importante “corredor de exportação no Estado”, ligando o Norte ao Sul, seguindo pela BR-471, por Rio Pardo e Encruzilhada do Sul, em direção ao Porto de Rio Grande. Nessa parte, também sempre há pendências, como conferiu no final de agosto o nosso colega Otto Tesche. Já ao Norte, na 153, essa realidade continua bem visível e as soluções nunca são completas, inclusive prometendo-se nova operação tapa-buracos, que, se sabe, não resolve a situação (apenas ameniza até a próxima chuva).

E assim, a cada ano que passa, sem falar dos perigos nas encostas desprotegidas, não se vê melhoras sensíveis, abrangentes e efetivas ao longo de todo o trajeto, apenas em parcelas e em intervenções paliativas, nunca muito duráveis. Da mesma forma, preocupações continuam presentes na estrada federal (BR-386) que segue para o Norte, onde até ocorrem obras de porte (duplicação) na área de concessionária (entre Soledade e Tio Hugo), mas, de modo geral, os motoristas sempre se defrontam com os eternos defeitos nas pistas.

Ainda que tenha lido, semana passada, que o Rio Grande do Sul seria “o segundo Estado mais seguro para dirigir”, conforme estudo do Observatório Nacional de Segurança Viária, quem anda nas estradas ainda observa muitas dificuldades e imagina como será em outros estados. Na pequena distância andada em Santa Catarina, viam-se boas melhorias na BR-158, logo após o Rio Uruguai, e nas vicinais de responsabilidade estadual, a partir da entrada em Caibi, mas sempre há os “poréns”, a confirmar que ainda se precisa avançar muito em termos de estradas bem cuidadas no País, inclusive em vias pedagiadas.

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Espera-se, enfim (sempre se tem esperança…), que os investimentos e a fiscalização das obras (não só do trânsito) sejam reforçados de fato, de maneira que se possa deixar os “rallys” para quem gosta desse esporte e haja condições mínimas de viajar mais tranquilo e menos tenso aos destinos desejados. Enquanto isso, me preparo para novo desafio em ida nos próximos dias ao Noroeste do Estado, não sem antes renovar pedidos de proteção ao Santo Anjo da Guarda.

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