Passados vários anos, desde o final da década de 1990, quando a internet começou a se popularizar no Brasil, estamos vivendo cada vez mais a massificação do acesso às redes sociais, principalmente através do telefone celular. Trata-se de mais um ambiente da vida social das pessoas, cada vez mais rápido e mais abrangente que os contatos pessoais. Na internet, as pessoas se relacionam, criam, discutem, xingam, compartilham e consomem coisas, refletindo os valores individuais e coletivos.
Hoje, não se pode mais ignorar a influência das redes sociais. Nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016, surgiram muitas polêmicas sobre possível uso das redes sociais para influenciar na votação, que teriam sido deflagradas por grupos patrocinados e ligados à Rússia. Aqui no Brasil, uma das maiores preocupações dos especialistas e da Justiça Eleitoral, nas eleições do ano passado, era o quanto o fenômeno das FakeNews poderia influenciar no resultado final das urnas. Muito se falava sobre a possível reedição de fatos que ocorreram nos Estados Unidos.
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É fato que as novas tecnologias interferem de maneira radical nas relações sociais. A exibição de fotos de viagens, da vida amorosa, do sucesso profissional, até da comida e bebida da última refeição, etc. podem provocar inveja e causar sentimentos de infelicidade e solidão, segundo pesquisadores alemães. Tanto assim que um estudo recente da Universidade de Califórnia, nos EUA, e da Universidade de Toronto, no Canadá, mostra que as pessoas estão gastando mais e economizando menos porque só veem o que os outros estão fazendo, comprando e consumindo, e não o que estão poupando. Isso gera uma percepção equivocada, chamada de viés de visibilidade. Quando alguém visita um amigo, é possível notar que ele esteja usando roupas simples, talvez até “surradas”, em contraste com as fotos postadas no perfil da rede social, onde aparece com roupas elegantes, talvez até de famosas grifes. Isso significa que qualquer tipo de comunicação que não seja de pessoa para pessoa vai criar um viés de visibilidade maior.
Esse viés da visibilidade pode explicar porque as taxas de poupança pessoal, nos EUA e outros países, estão caindo e, no Brasil, não chegaram a decolar, mantendo-se em níveis baixos. Se não esbanjassem tanto em itens desnecessários, as pessoas poderiam economizar dinheiro ou usá-lo para coisas mais práticas, como, por exemplo, reformar a casa.
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Antigamente se dizia “diga-me com quem andas que eu te direi o quanto gastas”. Vira e mexe o amigo exibe aquele celular novo, um novo plano de acesso a infinitos canais de televisão, aquela fantástica promoção que pode ser paga em trocentas novas prestações… Enfim, aquele “formigamento espontâneo na mão” que convida a pegar o cartão de crédito e mandar ver. Por isso, um dos objetivos do estudo das Universidades, citadas anteriormente, é tornar as pessoas mais conscientes sobre seus gastos, alertando-as do cuidado que precisam ter para não se deixarem levar pelas “bolhas” das diversas redes sociais, em que participam. Em qualquer situação e, principalmente, quando se trata de dinheiro, as pessoas precisam olhar para a sua realidade pessoal e familiar, nada a ver, portanto, com a realidade aparente dos integrantes das redes sociais.