Ex-prefeito de Rio Pardo, Schwanke vive com a família na Costa Rica, onde fica a sede do instituto
O engenheiro florestal e ex-prefeito de Rio Pardo, Fernando Schwanke, está no Brasil e visitou Santa Cruz do Sul nesta semana. Desde julho de 2021 ele vive com a família em San Jose, na Costa Rica, onde atua como diretor de Projetos do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). Schwanke detalhou o trabalho da instituição e as iniciativas conduzidas por ele durante esse período, bem como projetou o que vem pela frente.
Antes de detalhar as ações, fez questão de explicar o que é o IICA. Trata-se do braço especializado em agricultura da Organização dos Estados Americanos (OEA) e foi constituído em 1942, antes da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), criada em 1945, após a Segunda Guerra Mundial. O idealizador foi Henry Wallace, ex-vice-presidente dos Estados Unidos e fundador da Hi-Bred Corn Company, empresa que depois se tornaria a Pioneer Sementes.
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O objetivo do IICA desde o início era, por meio da cooperação técnica, levar tecnologias a países menos desenvolvidos e garantir a segurança alimentar. Atualmente é comandado por um conselho de administração formado pelos ministros da Agricultura dos 34 países-membros.
“Eles se reúnem a cada dois anos para definir em quais áreas o IICA vai atuar, nos termos da cooperação técnica. Hoje temos sete programas em andamento.” Acrescenta que a instituição não propõe projetos, mas encaminha as demandas recebidas dos países-membros.
Exemplo disso é a captação de 28 milhões de euros que o governo brasileiro conseguiu junto ao banco KfW Bankengruppe, da Alemanha, para investir em um sistema de rastreabilidade das cadeias de soja, madeira e pecuária no Norte do Brasil. Para fechar a parceria, contudo, os alemães exigiram que o projeto fosse elaborado e conduzido pelo IICA. “Acaba sendo uma ferramenta dos governos em execução de projetos que interessam aos países”, salienta Schwanke.
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Enquanto diretor de Projetos, ele é responsável por liderar uma equipe de 12 técnicos especializados que auxiliam os 34 escritórios espalhados pelas Américas do Sul, Central e do Norte a construir projetos e captar recursos em convocatórias internacionais.
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“Temos mais de 200 parceiros que quando querem desenvolver algo, nos informam sobre o objetivo. Então o meu time vai lá e ajuda a elaborar e orçar para depois inscrevermos e aprovarmos.” Depois, os escritórios locais ficam responsáveis pela execução. Em 2021, quando assumiu o cargo, Schwanke conseguiu aprovar US$ 188 milhões. No ano passado, o valor saltou para US$ 300 milhões.
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Além de empresas e organizações internacionais, cerca de 70% dos recursos obtidos pelo IICA são oriundos dos governos. “Temos o propósito de olhar a cooperação técnica internacional, ver onde existem oportunidades para países e buscar os recursos que são alinhados. Atualmente são cerca de 300 projetos em andamento”, enfatiza Fernando Schwanke. O valor total investido em projetos que estão em execução ultrapassa US$ 1 bilhão, considerando que alguns exigem vários anos para conclusão.
Chama a atenção para a eficiência no emprego dos recursos, um problema recorrente nos governos. “Temos uma taxa de execução na ordem dos 85%, o que é um nível elevado e tem feito com que bancos multilaterais e agências nos procurem para conduzir os projetos nos países.” A atuação se divide em diversas áreas, como ações de bioeconomia, pecuária sustentável, adequação do setor agropecuário às mudanças climáticas, redução de emissões e implementação de novas tecnologias, entre muitas outras.
Schwanke lembra que o Brasil, comparado a outras nações da América Latina, está muito à frente no tocante à adequação às normas da União Europeia, por exemplo. “Agora, você vai para outros países menores, que não têm tanta capacidade de preparação para o mercado mundial ou que possuem poucos produtos de exportação; eles precisam de ajuda internacional.” Lembra ainda que o continente é responsável por 30% da produção mundial de alimentos e salienta a importância de ações em bloco, entre elas sistemas produtivos e defesa setorial em nível mundial.
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“Se a gente não produzisse o que produz, o mundo hoje não teria 750 milhões de pessoas passando fome. Esse número provavelmente seria três ou quatro vezes maior.” Com essa observação, o diretor de Projetos do IICA enfatiza que estratégias para combater a fome no mundo passam necessariamente pelos países americanos. Por isso, a união entre eles para pleitear melhores resultados é fundamental.
Ao comentar a produção de tabaco, Schwanke revela que não é pauta no IICA porque os governos não demandam. Ressalta que a fumicultura é uma atividade de suma importância para alguns países, sobretudo o Brasil, e existe a relevante questão social, em razão da existência de mais de 150 mil famílias de pequenos agricultores envolvidas na produção. “Se você pegar a nossa região aqui, o Índice de Desenvolvimento Humano [IDH] é muito acima da média brasileira e isso tem um impacto na geração de renda.”
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Ele entende que se a produção fosse proibida e encerrada no Brasil, como defendem algumas instituições, a produção migraria para outros países. “O que regula isso é a oferta e a procura. O Brasil não pode se dar ao luxo de parar, mas vejo que essa movimentação está mais calma agora.”
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