Fora de Pauta

Rivalidade, grandeza e apequenamento

Quem acompanha o futebol brasileiro um pouco mais de perto já percebeu, há algum tempo, uma mudança drástica na realidade. Antes, a desorganização e a gestão inadequada tornavam os clubes irregulares, o que permitia constante oscilação no cenário competitivo e abria espaço para a renovação dos postulantes aos títulos – alguns deles, inclusive, surpreendentes. Agora os tempos são outros, e quem não alcançou e consolidou o profissionalismo está cada vez mais distante das taças.

É o caso da dupla Gre-Nal. Grêmio e Internacional, apesar de terem disputado títulos há poucos anos, ainda não conseguiram se adequar ao novo nível de exigência das competições e permanecem atolados na incompetência e na teimosia de seus gestores. Gastos excessivos em contratações e salários, contratos nocivos, erros de avaliação, falta de habilidade nas negociações e dificuldade em aproveitar o potencial da torcida são apenas alguns dos pontos que se destacam negativamente.

As consequências dessa incapacidade são visíveis no gramado e na tabela: restando apenas quatro rodadas para o fim do Campeonato Brasileiro, ambos brigam contra o rebaixamento à segunda divisão e apresentam um futebol pobre, a despeito das folhas salariais inchadas. E piora: para o próximo ano, o prognóstico segue ruim, considerando o provável novo déficit financeiro da atual temporada e a falta de dinheiro em caixa – e de crédito na praça – para viabilizar os reforços mais do que necessários ao próximo ciclo.

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Cito no título que a rivalidade fez a dupla gigante, mas hoje a apequena, e explico: no passado, a famosa gangorra perdurou por muito tempo. Ou seja, quando um clube vivia boa fase, o outro geralmente enfrentava dificuldades e precisava reagir para alcançar o rival e dar resposta à torcida. 

De alguns anos para cá, contudo, ambos ficaram muito para trás de adversários como Flamengo e Palmeiras, que dominam o panorama  atual e disputarão, no próximo fim de semana, mais uma final da Copa Libertadores da América.

Agora, diante das limitadas perspectivas em âmbito nacional e continental, Grêmio e Internacional se resumem a uma disputa interna para ver quem domina o Rio Grande do Sul e qual dos dois consegue campanhas melhores – ou menos piores – nas competições da CBF e Conmebol. Trata-se de um flagrante apequenamento institucional de ambos e de uma situação que dirigentes e torcedores não podem normalizar, sob o risco de que o futebol gaúcho se torne apenas uma sombra daquilo que já foi um dia.

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Karoline Rosa

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Karoline Rosa

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