Tenho apreço e respeito pela prática política social e partidária, meios de construção da história e dos destinos de uma nação.
Recorrentemente, de modo a justificar momentos de estagnação e depressão, fala-se muito de nossas origens multiétnicas, da trágica e não superada escravidão negra, das persistentes diferenças regionais e das profundas desigualdades sociais.
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Pior: a imagem refletida funde-se com esse comportamento, e, como sala dos espelhos – aquela de parque de diversões –, reproduz-se ininterruptamente e cada vez mais disforme.
Consequentemente, já não sabemos mais quem somos, nem nos encontramos ou identificamos racionalmente. Trabalhamos, pensamos, agimos, reagimos, opinamos, criticamos sobre imagens distorcidas.
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A propósito dos políticos, parece, sempre, que ascendem sobre nossos destinos como se fossem “sem pai nem mãe e privilegiados por votos fantasmas que ninguém sabe de onde surgem”. E depois, de anjos protetores e sedutores, transformam-se em demônios e algozes das esperanças coletivas.
Mas, persiste meu otimismo político. Ainda que alertado pelo cético amigo de longa data cuja frase mais veemente não me sai da cabeça: “Por que tu achas que o Brasil deva dar certo? Por que deveria dar certo? Inúmeras civilizações na história da humanidade não deram certo!”
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Afinal, as coisas não acontecem naturalmente ou porque são destinadas. O destino é algo a ser construído, objetiva e racionalmente.
E, então, o que fazer? Não será chegada a hora de sair da sala dos espelhos? Retornar e os quebrar, eliminando as imagens distorcidas?
O filósofo alemão Ernst Bloch (1885-1977), em seu livro O Princípio Esperança, disse: “A esperança fraudulenta é uma das maiores malfeitoras da humanidade.”
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