Uma mulher vai ocupar pela primeira vez o segundo cargo mais importante do futebol mundial. Nesta sexta-feira, 13, o Conselho da Federação Internacional de Futebol (Fifa) aceitou a nomeação da senegalesa Fatma Samoura como secretária-geral da entidade, feita pelo presidente Gianni Infantino. Samoura, funcionária da ONU, substituirá Jérôme Valcke, demitido em meio aos escândalos de corrupção que abalaram a Fifa no último ano. A ratificação da senegalesa depende da verificação por uma comissão independente, que irá determinar se ela é elegível.
Ao realizar o anúncio, durante o Congresso da Fifa que ocorre na Cidade do México, Infantino observou que a nomeação visa uma maior igualdade de gêneros na cúpula governante do futebol mundial. Mas, além disso, a designação visa apoiar a Fifa no processo de renovação exigida após as acusações de corrupção que a desacreditaram e levaram à queda de Valcke, do ex-presidente Joseph Blatter e de várias lideranças regionais. “Ela já trabalhou na ONU, é alguém de fora, não de dentro”, destacou Infantino. “Não é alguém do passado, mas, nova, que irá nos ajudar a fazer o correto no futuro”, acentuou.
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Fatma Samoura foi indicada pelo presidente da Fifa, Gianni Infantino (Foto: Mike Hewitt/Fifa/Getty Images)
Samoura, de 54 anos, é a principal funcionária da ONU no Chade. Durante duas décadas, ocupou vários postos para o Programa Alimentar Mundial em países africanos e cobriu emergências em vários outros lugares do mundo, como Kosovo e Nicarágua. “Lhes disse na minha campanha que acredito na diversidade, lhe disse que gosto de atuar com fatos e não com palavras. É por essa razão, mas mais importante, é por causa de todas as pessoas com quem eu falei, ela era a mais competente”, disse Infantino. “Ela vai dar um novo ar à Fifa, é alguém de fora”, reforçou.
Desde a fundação da Fifa, em 1904, o cargo de secretário-geral também nunca havia ficado nas mãos de uma pessoa que não nasceu na Europa. Se for ratificada, Samoura começará a exercer as suas funções em meados de junho. Antes de trabalhar para a ONU, ela passou oito anos no setor privado.
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Em fevereiro, quando foi eleito como sucessor de Blatter, Infantino prometeu que o cargo de secretário-geral seria ocupado por uma pessoa próxima ao presidente da Fifa. Ele disse que a posição representaria um “contrapeso” para o dirigente. A demora para realizar a nomeação nos últimos meses, entretanto, gerou críticas a Infantino. “Eu estive procurando por um secretário-geral, e o fiz seriamente, mas queria a pessoa certa, e hoje fui capaz de propô-la”, disse o presidente da Fifa. “É um papel muito importante, será a pessoa que implementará a estratégia e as decisões que toma o conselho”, frisou. O alemão Markus Kattner era secretário-geral interino desde setembro após a suspensão de Valcke, que foi demitido quatro meses depois.
Kosovo e Gibraltar são aceitos como novos membros da Fifa
Apenas dez dias após se tornar membro da Uefa, Kosovo ganhou também a aprovação da Fifa. Nesta sexta-feira, durante congresso da entidade na Cidade do México, Kosovo e Gibraltar foram aprovados como novos membros da Fifa. Eles serão o 210º e o 211º integrante, respectivamente, da entidade responsável por gerir o futebol em nível mundial.
As admissões dos dois países já era esperada, mas a entrada de Kosovo surpreendeu pela velocidade. Há apenas dez dias o país que se tornou independente da Sérvia em 2008 foi admitido pela Uefa, em votação apertada (28 votos a favor e 24 contra). No Congresso da Fifa, Kosovo contou com a aprovação de 86% dos membros. Novamente, a Sérvia foi quem mais se opôs à entrada do pequeno país na entidade. O mesmo havia acontecido na votação da Uefa.
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“Quando a Uefa admitiu a entrada de Kosovo, 24 países se opuseram, o que mostra sérias dúvidas. Não se pode admitir países que não são reconhecidos pelas Nações Unidas que, de acordo com uma resolução, indica que Kosovo seguem fazendo parte da nossa nação”, criticou o presidente da Federação de Futebol da Sérvia, Tomislav Karadzic.
Kosovo se declarou independente em 2008 e contou com o reconhecimento de países como Estados Unidos, Alemanha e França. No entanto, enfrenta a oposição de Rússia, Espanha e da própria Sérvia, entre outras nações. Estes países não reconhecem Kosovo como país independente. É a mesma postura adotada pelo Brasil.
Diante desta resistência, Kosovo tem buscado a aceitação internacional através do esporte. Antes da admissão na Uefa, o país só podia disputar amistosos, o que vinha acontecendo desde 2014. Agora, com a aprovação da Fifa, poderá disputar as Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018, assim como Gibraltar.
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Gibraltar precisou esperar mais para entrar na Fifa. Foram quase 20 anos aguardando pela aceitação, que veio nesta sexta, com aprovação de 93% do congresso. O território, localizado na fronteira entre Europa e África, é controlado pelos britânicos, mas já pertencia à Uefa desde 2013. E chegou a disputar as Eliminatórias para a Eurocopa deste ano. Em 2014, foi até rejeitado pela Fifa.
Desta vez, Gibraltar recebeu o “sim” da entidade máxima do futebol mundial. “É um grande emoção ser admitido pela Fifa. Somos uma nação de pouco mais de 32 mil habitantes, que agora pode sonhar e isso é muito importante para nós”, declarou o presidente da Federação de Futebol de Gibraltar, Michael Llamas.
Suspensões de entidades
O Congresso da Fifa também aprovou por ampla maioria a suspensão das federações de futebol do Kuwait e de Benin. A sanção do país do Golfo Pérsico havia sido imposta provisoriamente em 16 de outubro por interferência do governo na federação local, um problema que também levou a uma sanção pelo Comitê Olímpico Internacional.
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Benin ficou sujeito a suspensão em 23 de setembro, ante a recusa de realizar eleições na federação, um requisito que a Fifa exige de cada um dos seus membros. A sanção será anulada quando uma eleição ocorrer. Porém, Infantino informou que a suspensão da Indonésia foi cancelada – o país tinha o mesmo problema do Kuwait. O governo nacional enviou uma carta à Fifa se comprometendo a cessar ato que afetem a independência da federação.
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