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Sob o império dos presídios

Fico estarrecido todos os dias diante do noticiário policial. Não falo aqui das tragédias, das chacinas e de outros crimes hediondos que chocam ouvintes, telespectadores, leitores e internautas. O que me revolta de verdade é a liberdade que os presos do sistema penitenciário do Rio Grande do Sul têm para agir como se estivessem soltos nas ruas.

Atentados, golpes por WhatsApp e os mais variados crimes são gestados de dentro de nossos presídios. E dali também são ordenados pelos presos que deveriam estar incomunicáveis.

O governador Eduardo Leite não cansa de tecer loas às estatísticas envolvendo a segurança pública. Secretários e assessores repetem à exaustão elogios ao chefe pela queda das ocorrências, mas a questão dos presídios se mantém como um deboche ao cidadão que se vê ameaçado dentro de suas próprias casas.

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Estamos no final do sétimo ano da atual administração, mas os bloqueadores de celular para os presídios – prometidos na campanha – não saem do papel. Entraves legais na licitação, empresas vencedoras que ignoram prazos ou sistemas ultrapassados são parte dos motivos alegados.

Enquanto a tecnologia avança na velocidade da luz, a segurança para defender o pagador de imposto anda a passos de cágado, em flagrante desrespeito ao cidadão honesto. É preciso maior comprometimento, acima das querelas políticas e da visão obsessiva nas eleições de 2026.

Outro segmento fora de controle é o das facções criminosas que dominam inúmeros municípios gaúchos de todos os portes. Há toque de recolher em muitas comunidades, mas raramente lemos, ouvimos ou assistimos notícias sobre o tema. Operações exitosas são divulgadas com estardalhaço, mas em poucos dias os marginais voltam à ativa, graças à legislação permissiva e divorciada da realidade e do reiterado ativismo judicial.

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O combate às organizações criminosas exige dedicação, investimentos em tecnologia e mão de obra de profissionais altamente qualificados. Para isso não falta dinheiro. O governo Leite foi aquinhoado com recursos vultosos resultantes da venda da Corsan, da CEEE e da Sulgas. Lembremos, ainda, que há anos o Rio Grande do Sul não paga as parcelas da dívida com a União. Não são parcelas perdoadas, mas adiadas. Em breve o futuro governador arcará com essa gigantesca dívida, onerando os cofres estaduais.

Segurança pública não consiste apenas em baixar os índices, reduzir estatísticas e gastar maciçamente em publicidade oficial. Inclui oferecer sensação de paz ao cidadão, como os idosos, diariamente assediados por golpes forjados de dentro das cadeias. Cadeias, aliás, que estão sob responsabilidade do governo do Estado, sustentado por escorchantes impostos e tributos pagos religiosamente a cada compra.

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Gilberto Jasper

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