Estamos vivendo momentos inquietantes e, ao mesmo tempo, reveladores. Tão reveladores que sequer deveriam ser discutidos, nem interpretados, porque são autoexplicativos, não deixam margem para dúvida e se impõem pela autenticidade.

Quando um ministro da mais alta Corte do Judiciário despreza a toga e dispara um “Perdeu, mané! Não amola!” a um cidadão contrariado com suas decisões; quando um governante se esquiva da responsabilidade por mortes aos milhares durante uma pandemia com um lacônico “Não sou coveiro”; quando ouço um presidente da República implodir a escala de valores de uma sociedade e afirmar que traficantes são vítimas dos usuários de drogas, e tantos outros lamentáveis tropeços, não há o que consertar.

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Ao contrário, quase sempre, além de inútil, este esforço joga combustível no incêndio, porque não se trata de uma palavra mal colocada, nem de interpretação equivocada. Essas afirmações traduzem um conceito, uma convicção. São a expressão mais autêntica do que se esconde por trás da fachada maquiada por marqueteiros e assessores que escolhem cuidadosamente cada palavra que pode ou deve ser dita.

Algumas dessas revelações verborrágicas que brotam dos altos escalões da República – e também das demais instâncias de poder – vão ecoar por anos, talvez vão carimbar currículos para a história. Por isso, toda vez que acontece, um pelotão de “bombeiros” é acionado de um lado para tentar apagar o fogo e, de outro, um exército se mobiliza para disseminar as chamas e dar a maior amplitude possível aos estragos.

Particularmente, não me impressiona o esforço de uns e de outros – os que vivem da política e que são soldados de uma causa. Eu me preocupo com os cidadãos que a tudo assistem, incrédulos, confiando que alguém se importe com eles quando descobrem que, na verdade, nunca estiveram no foco dos que decidem e governam.

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Justamente esses, os que pagam com seu trabalho e com os impostos que arrecadam o preço da gastança e da malversação do dinheiro público. Os que aprenderam desde pequenos que é questão vital honrar compromissos, proteger a vida, respeitar o próximo.

Fico pensando no desalento que tira o sono de milhões de pais e mães que têm filhos para alimentar e encaminhar para a vida e que vivem o pesadelo da insegurança e da incerteza. Poderia ser diferente num País onde os valores que ensinam em casa são desmentidos e invertidos por altas autoridades? Onde o senso de justiça que praticam nos lares é contaminado por ideologia e pela política nos tribunais?

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Não sei o que esperar e temo pelo futuro da nossa sociedade. Entregues a oportunistas que cultivam o fanatismo, ficamos órfãos de líderes que inspirem e motivem seus cidadãos.

Que alguma luz nos aponte caminhos para sair deste cenário de mediocridade.

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Guilherme Andriolo

Nascido em 2005 em Santa Cruz do Sul, ingressou como estagiário no Portal Gaz logo no primeiro semestre de faculdade e desde então auxilia na produção de conteúdos multimídia.

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