A travesti Verônica Bolina (nome social), 25, que ficou desfigurada após ser espancada na carceragem do 2º DP, disse em depoimento ao Ministério Público ter aceitado gravar declarações afirmando que foi agredida por presos, e não por policiais, em troca de redução de pena. O relato, diferente da versão da travesti à Polícia Civil, foi feito a promotores do Gecep (grupo do Ministério Público que investiga a atividade policial).
A Promotoria confirmou que Verônica declarou, em seu depoimento sobre o caso, que teria sido orientada, não se sabe por quem, a dizer que foi agredida por presos com a garantia de que ficaria menos tempo presa. A assessoria do Ministério Público disse, porém, que não tinha mais detalhes do depoimento.
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Na quinta-feira, 16, o governo federal e a Prefeitura de SP cobraram explicações da polícia de São Paulo sobre o caso. A corporação também foi alvo de críticas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
BRIGA
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A coordenadora gravou uma entrevista com Verônica, repassada a membros do Conselho Estadual LGBT. No áudio, a travesti diz: “Eles tiveram que usar das leis deles. Eu só fui contida, não fui torturada”. Porém, o delegado titular do 2º DP, Luis Roberto Hellmeister, afirmou que o carcereiro foi responsável por parte dos ferimentos no rosto de Verônica, com o argumento de que tentou se defender.
“Quem lesionou a cara dele no soco foi a vítima [carcereiro] que perdeu a orelha. Não foi porque era travesti”, disse o delegado. Após o espancamento, Verônica foi fotografada desfigurada, seminua, algemada e com os pés amarrados no chão de um pátio da delegacia.
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