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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Um Carnaval em 1965

Na minha juventude eu mais gostava de bailes e reuniões dançantes do que de carnaval. O Carnaval era aquela coisa estranha, as pessoas galopando em círculos, com os dedos apontados para cima e a dança corpo a corpo só acontecia na hora da “marcha rancho”. Já no baile ou reunião dançante imperava o corpo a corpo, que era o máximo em matéria de sensualidade admissível “in illo tempore”. Hoje, contando isso para uma menina de 13 anos, como minha neta, ela vai sintetizar: “capaaaaz, vô!”. A verdade é que em minhas veias ferviam uns sangues muito medonhos, como dos Gessinger, Etges, Klafke, estão me entendendo, né? Naquela época cedo aprendi que algumas meninas bonitas demais eram um problema: geralmente se achavam muita areia para um caminhãozinho como a gente. Melhor era optar por uma com menos areia no seu ego.

Ademais, como todos sabemos, “La vida es solo un instante y un beso la eternidad, por eso dame en tu boca, la rosa caliente de tu mocedad.”(Jaime Dávalos).

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Mas o que eu queria contar é que um conhecido pulava o carnaval com um tubo prateado na mão. A cada tanto ele apertava na parte superior e borrifava um líquido sobre o lenço, em seguida inalando. Era o lança-perfume, que era vendido livremente na época. Esse jovem, de cujo nome não mais me lembro, me ofereceu o lenço para cheirar. Imediatamente senti algo que mexeu com todo o meu corpo; minha mente entrou num estado eufórico que nunca tinha sentido. Na hora me assaltou um medo grande. Pensei: isso aí até pode dar uma sensação agradável, mas deve ser algo perigoso e que aprisiona a pessoa. Não vou entrar nessa porque posso jogar meu futuro fora. Então aí vai o conselho para os adolescentes: drogas, nem experimente. Ela causa dependência e é difícil de sair. Repito: é fácil de entrar, mas difícil de sair. Não entre na conversinha fiada que é “careta” não consumir drogas. “Careta” é atirar a vida fora e ainda atingir a própria família.

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