O Brasil, assim como outros países da América Latina, tem dificuldades em atrair jovens talentosos para a carreira de professor. Essa é uma das conclusões do estudo “Profissão Professor na América Latina – Por que a docência perdeu prestígio e como recuperá-lo?”, divulgado na sexta-feira (27/7) pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID.
Para quem acompanha o descaso com que a educação vem sendo tratada ao longo do tempo, essa conclusão não surpreende. A péssima remuneração paga aos profissionais, as precárias condições de prédios e equipamentos, além da escassez de recursos ou má aplicação, compõem o mosaico que desestimula a função de ensinar. Além disso, tudo isso tem gerado repetência e evasão escolar.
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Sou do tempo em que as adolescentes tinham na carreira do Magistério uma especial predileção. Havia um certo glamour, resultado da soma do reconhecimento da comunidade e do idealismo que inspira a função de ensinar e educar. A reverência aos mestres começava dentro de casa. Os pais repisavam o mantra de que o professor era tão importante quanto a família. Essa devoção se prolongava vida afora, numa perpetuação de respeito, reconhecimento e orgulho.
O estudo aponta ainda uma das razões para o desinteresse de atuar na Educação Básica são os baixos salários. O levantamento mostra que no Brasil, Chile e Peru, os educadores ganham cerca da metade da remuneração de profissionais com formação equivalente. Não existe idealismo que resista a essa injustiça.
Os baixos salários parecem um carma que os educadores brasileiros carregam há décadas. Com exceções, a maioria dos estados ignora a importância do professor, mas há bons exemplos em vários municípios no sentido contrário, o que é um alento.
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