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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Um pedaço que se foi

Uma das desvantagens da velhice são as perdas. Isso é um fenômeno quase semanal ao passar dos 50 anos. Jerry Lewis, aos 91 anos, “partiu desta para uma melhor” no último domingo, levando um pedaço importante da minha infância consigo.

Caretas, trejeitos, modulações hilárias de voz, gestual inigualável. Jerry Lewis era um comediante completo porque transitava pelo cômico e o dramático com desenvoltura invulgar. Passei anos tentando imitar esse americano que revolucionou o jeito de fazer humor. Dispensou palavrões, frases de duplo (e chulo) sentido, dispensou baixarias. Não foi à toa fã assumido de Charlie Chaplin.

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– Para com isso, guri! Tu vai pegar um vento encanado e ficar vesgo pro resto da vida! Já pensou?

Essa estória do “vento encanado”, aliás, soa familiar para pessoas da minha geração. Nasci em 1960 e até hoje brinco com isso com meus filhos, já adultos, tamanha a força da recordação que ficou dentro de mim. Não faço a mínima ideia de como surgiu essa lenda de vento tão poderoso.

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Nostalgia é bom, mas sem exageros. Evito comparações do tipo  “nos velhos tempos era assim, bem melhor” em relação à atualidade. No humor, porém, é abusivo o uso de palavrões, expressões de duplo sentido e vulgaridade por parte dos comediantes. Os protagonistas de stand-up comedy, onde o artista trabalha sozinho no palco, se multiplicam. Basta uma aparição de 30 segundos na tevê – de preferência na Rede Globo – para que muitos se considerem astros consagrados, abusando da falta de talento.

Ao morrer, Jerry Lewis estava fora da ribalta. Pouco se falava nele, vitimado por problemas de saúde e suas complicações. Como reza a lenda, os grande nomes partem somente no plano terreno, permanecendo para sempre em nossos corações e mentes.

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