Enquanto tenta encerrar de maneira honrosa a sua participação na Série A deste ano, o Avenida já pensa e planeja o futuro. Tudo ainda é muito incipiente, mas a frustração com o novo descenso é percebida entre dirigentes e alguns atletas mais identificados com o clube. Para tentar entender o que aconteceu para que o Periquito caia pela terceira vez em cinco anos, a Gazeta do Sul ouviu quatro de seus principais comentaristas. Eles abordam a campanha fracassada do Verdoengo, a possibilidade de uma fusão para equipe única, o estado da arte do mundo da bola e a relação entre o futebol amador e o profissional na cidade.
AS OPINIÕES
João Fernando Vighi, comentarista esportivo da Gazeta – “O Avenida teve muitas dificuldades para subir para a Série A1. E aí, mais uma vez o clube apostou em alguns atletas que acabaram decepcionando. Alguns nem chegaram a jogar e foram dispensados. Hoje em dia, as ferramentas disponíveis no aspecto clínico e a profundidade nas situações de análise em todos os parâmetros permitem que se erre menos. Saber usá-las é fundamental. O Avenida errou muito nas contratações. Mesmo assim, a expectativa era boa. Outros também teriam as mesmas dificuldades. A campanha do Avenida foi insegura e cheia de problemas, inclusive de relacionamentos internos.”
Publicidade
Marcos Rivelino, comentarista esportivo da Gazeta – “Vários fatores provocaram o desempenho insatisfatório que culminou no rebaixamento. O campeonato é curto e muito competitivo, não deixando espaços para ‘aventuras’ ou ‘apostas’. Sinceramente não vejo uma ‘fusão’, como a antiga Associação Santa Cruz de Futebol, na década de 70, como solução para o futebol profissional em Santa Cruz. A construção de uma Arena Multiuso para até 12 mil pessoas, no Parque da Oktoberfest, com a dupla Ave-Cruz negociando seus estádios centralizados e investindo em centros de treinamento para investimento nas categorias de base me parece mais viável.”
Rômulo Augusto Menegaz, chefe de esportes da Rádio Gazeta – “Cair três vezes em cinco anos é um pecado. O Avenida não sabe jogar a Série A1. A vinda do Alfinete foi um grande erro. Ele não conhecia o futebol gaúcho. Seria melhor ter logo promovido o Titi. Não faltou dinheiro. Muitos times gastaram quantias parecidas. O problema foram as escolhas erradas. Jogador de segunda divisão é de segunda divisão. Jogador de primeira divisão é de primeira divisão. As cidades gaúchas têm apenas um time cada na elite: Pelotas, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Lajeado, Passo Fundo, Erechim. Quem tem dois está afundando: Bagé, Rio Grande, Pelotas (que mesmo com a sua fantástica torcida, só tem um time na elite). Por que os dois não vendem seus patrimônios e se fundem?”
Romeu Neuman, diretor de conteúdo da Gazeta – “O que percebo é que está cada vez mais reduzido o número de pessoas que vão ao estádio para alimentar sua paixão clubística, seja no Avenida, seja no Santa Cruz. Talvez porque há anos os dois não ambicionem nada além de fugirem da degola, fato que alimenta um perverso círculo vicioso: os clubes não conseguem montar equipes competitivas porque não têm apoio do seu torcedor e este não vai ao estádio apoiar seu clube porque não vê perspectiva de conquista, nem de vitória. Em época de escassez de recursos financeiros – nos cofres das empresas, do poder público e no bolso do cidadão – e humanos, de pessoas que se disponham a assumir a gestão de uma agremiação, penso que é cada vez mais remota a chance de êxito de dois clubes profissionais em Santa Cruz. Penso que o debate em torno de uma fusão entre Avenida e Santa Cruz deve ser levado a sério para que se tenha possibilidade de construir um projeto realista e vencedor.”
Publicidade
This website uses cookies.