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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Urgências e emergências

Semana retrasada abordei nesta coluna os riscos inerentes às curiosas experiências às quais as crianças se expõem eventualmente, tais como engolir moedas ou brinquedos, ou colocar grãos de feijão nos ouvidos e narinas. Por conta do texto, vieram me elogiar (acho que foram elogios) pela forma como procedi quando a Yasmin, ainda bem pequenina, surgiu com um miolo de pão dentro do nariz. Conforme relatei, não tive sucesso em remover o corpo estranho com uma pinça, mas então consegui convencer a pequena a “assoprar” o miolo para fora com força, fazendo com que saísse tal e qual um foguete.

– Tiveste sangue-frio – vieram me dizer, após a leitura do texto.

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No início não era assim. Certa vez, quando a Isadora estava começando a caminhar, tropeçou e deu com a testa na quina de uma estante. Não sangrou, mas ficamos em pânico ante a possibilidade de sequelas neurológicas e corremos ao hospital.

O médico riu de nossa preocupação.

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Até hoje me pergunto como o médico sabia da latinha de cerveja. Mas, desde então, mantenho não só uma, mas várias, no fundo da geladeira, para o caso de alguma emergência.

Mas atenção: não proponho que os pais adotem isso como um conselho ou regra. Na dúvida, levem o traquinas ao hospital.

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Eu ainda estava na Redação quando recebi a notícia da emergência, ricamente ilustrada com fotografias, via Whats. Assustada, Patrícia me mandou as fotos para comprovar que a coisa havia sido feia mesmo. De fato, as imagens pareciam de um filme de terror. Corri para casa.

No hospital, a médica plantonista concluiu que não era caso para pontos e aplicou um curativo. Contudo, após a remoção das bandagens, restou na testa da Yasmin uma pequena marquinha, como lembrança do acidente. Preocupado ante o efeito disso em sua autoestima, mostrei para ela que eu também tenho uma pequena, quase imperceptível, cicatriz na testa, fruto de um tombo quando criança, e arrematei:

– É legal ter cicatrizes na testa. Faz-nos parecer durões…

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Não sei se a convenci.

Nosso acidente doméstico mais traumático, contudo, foi com Ágatha. Ocorre que ela tinha dentes de leite bastante frágeis, talvez em decorrência de carência de cálcio ou algo assim. Então, certo dia, quando tinha 2 anos e meio, a caçula tropeçou nos chinelos e caiu com o rostinho no chão. Logo percebemos, para nosso pavor, que o acidente havia lhe fraturado os incisivos superiores.

A dentista encarregou-se de limar os dentinhos quebrados, amenizando o estrago. Mas concluiu que, fora isso, não havia o que fazer, salvo esperar que a natureza se encarregasse de substituir os dentes de leite fraturados pelos permanentes. Entretanto, com a aproximação do período de ingresso da marota na pré-escola, uma inquietação passou a atormentar a mim e à Patrícia: e se nossa precoce banguelinha fosse vítima de bullying entre os colegas?

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Mas, incentivados pelos professores, a matriculamos, e Ágatha estreou na pré-escola aos 5 anos ainda com os incisivos quase na altura da gengiva. Nunca chegaram notícias de piadas feitas por coleguinhas, mas se percebia que Ágatha evitava mostrar os dentes – quando achava graça de alguma coisa, limitava-se a um meio-sorriso, com os lábio cerrados.

Porém, o tempo, como dizem, a tudo cicatriza e conserta. E hoje, aos 7 anos, Ágatha já tem seus dentes permanentes, novinhos em folha, e sem pudores de usá-los. Tudo a diverte e qualquer piadinha a faz escancarar a bocarra, em gostosas gargalhadas, com os dentes novos, exibidos, à mostra. Ri de tudo – inclusive dos próprios tropeços.

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