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Vacina contra a Covid-19 pode proteger, mas não garante normalidade

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Não vai ser aquela celebração com a qual muitos sonhavam. Mesmo que não haja absolutamente nenhum contratempo no teste e na aprovação de uma vacina eficaz contra a Covid-19, que pode estar liberada para uso no início de 2021, ainda vai levar um bom tempo para a vida voltar ao normal. E essa volta à normalidade pré-pandêmica será muito lenta e gradual, de acordo com especialistas ouvidos pela reportagem.

O freio no otimismo generalizado veio da própria Organização Mundial de Saúde (OMS). Recentemente, o diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que a vacina pode não se tornar realidade, a despeito de vários testes estarem sendo feitos em uma velocidade sem precedentes e alguns já apresentarem até mesmo resultados promissores.

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Para especialistas, o alerta faz todo o sentido, sobretudo diante do relaxamento das medidas de isolamento social e uso de máscaras, com a pandemia estacionada em um patamar muito alto, de aproximadamente mil novos casos por dia no Brasil. “Alguns gestores já estão achando que a vacina vai resolver tudo, que a vida vai voltar ao normal, que não é preciso mais fazer distanciamento”, enumera Cristiana Toscano, representante da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) em Goiás e membro do Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização da OMS. “Isso é muito preocupante porque o Sars-Cov2 claramente não vai desaparecer rapidamente, ele vai ficar entre nós.”

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ENTENDA

1 – Apesar de o novo coronavírus pertencer a uma família viral já bastante conhecida e de ser um vírus estável (diferente do HIV, por exemplo, que sofre muitas mutações), historicamente apenas uma em cada dez substâncias que chegam à fase final dos testes se transforma, de fato, em vacina. “A fase 3 é, justamente, a mais complexa, é ela que avalia a eficácia do produto, que diz se ele consegue prevenir ou não a infecção”, explica o virologista Flávio Guimarães da Fonseca, pesquisador do Centro de Tecnologia de Vacinas da UFMG. “A taxa de sucesso nesta fase clínica é de 10%, e é preciso lembrar que nunca se gerou uma nova vacina numa velocidade tão alta; esse açodamento pode ter um preço.”

2 – A primeira questão a ser observada é o percentual de proteção da população. A vacina contra o sarampo, por exemplo, apresenta um dos mais altos, de 98%. A vacina contra a dengue, desenvolvida em quatro anos, tem 70% e não é oferecida gratuitamente. No caso de uma pandemia mundial, até uma porcentagem mais baixa, de pelo menos 50%, poderia ser estrategicamente importante. Além disso, os níveis de proteção para grupos demográficos distintos podem também variar – idosos, por exemplo, podem ter respostas imunes menos robustas. “Em vista de uma emergência sanitária, isso pode ser considerado. Mas mesmo que seja de 80% para todo mundo, por exemplo, é bom lembrar que ainda vai ter uma parcela significativa da população sem proteção”, aponta Guimarães. “Ou seja, não vai ser possível voltar à normalidade.”

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Ministério da Saúde já discute estratégia de vacinação para Covid-19

Laboratório se prepara para iniciar produção

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Um grupo de oito empresas e fundações vai investir R$ 100 milhões para contribuir com a montagem da fábrica para produção de vacinas contra a Covid-19 na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio. A previsão é de que a unidade entre em operação até o começo do ano que vem, com capacidade de produzir até 30 milhões de doses por mês.

A fábrica ficará numa área de 1,6 mil metros quadrados no complexo de Bio-Manguinhos, instituto da Fiocruz produtor de vacinas. O investimento empresarial dará apoio para a reforma da ala do edifício e a compra e instalação de equipamentos complementares aos já existentes no local.

A Fiocruz é vinculada ao Ministério da Saúde, responsável por definir como ocorrerá uma eventual distribuição das doses. Antes de isso acontecer, porém, é preciso terminar os testes e comprovar a eficiência e a segurança da vacina.

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A vacina a ser produzida na unidade é a mesma que está sendo desenvolvida pela Universidade de Oxford com a farmacêutica britânica AstraZeneca. No fim de junho, a Fiocruz fechou acordo de cooperação com ambas para compra de lotes e transferência de tecnologia. Ele dá ao instituto o direito de adquirir o insumo antes mesmo do fim dos ensaios clínicos.

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No momento, a pesquisa de Oxford e Astrazeneca se encontra na fase três, última etapa de testes antes de receber sinal verde. Os testes estão sendo conduzidos em países como o próprio Brasil, além de África do Sul, Inglaterra e Estados Unidos.

Ao avançar até a fase três, fica-se mais próximo de uma solução para a pandemia. Mas especialistas dizem que esta é uma etapa sensível no processo, quando muitos projetos se provam menos eficazes do que o esperado.


Distribuição ainda é um desafio

Para a distribuição e aplicação da vacina, outro tipo de logística teria de ser montada. Envolveria um escalonamento da população, de forma que os mais expostos e os mais vulneráveis recebessem a imunização em primeiro lugar. “Isso tudo leva meses”, frisa Cristiana Toscano. “E quando for disponibilizada, não vai ser de uma vez só que todos estarão protegidos; é um processo paulatino.”

Flávio Guimarães concorda com a colega. “Pode parecer uma previsão pessimista, mas é realista. E mesmo com uma vacina eficaz já sendo aplicada, vamos continuar tendo de manter o distanciamento e usar máscara por muito tempo ainda até o controle dessa doença.”

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