Só se viajando à Europa ou lá morando é que se tem uma ideia de como o relho está nos pegando.
A diplomacia do Brasil era muito apreciada décadas atrás. As coisas começaram a se complicar quando na Europa se propalava que estávamos praticando genocídio contra os índios brasileiros. Os yankees pegavam mais leve porque foi um horror o que fizeram séculos atrás com os índios. Quem, acima dos sessenta anos, não se recorda dos filmes em que apareciam os brancos colonizadores matando os índios impiedosamente e eu e meus amigos sapateando ruidosamente de alegria que os índios levavam bala e bala dos brancos?
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Mas a nossa Alemanha pega mais leve pois ainda lhe doem nas costas os laçaços que tomou nas duas recentes guerras.
O Putin, de quem nosso presidente tanto gosta, está mais quieto que cusco na canoa.
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Enquanto se pesquisava freneticamente em outros países, ficamos deitados em berço esplêndido, perdendo tempo discutindo se a vacina seria ou não obrigatória.
Não bastasse tudo isso, essa comédia bufa inicial de mandar um avião à Índia para buscar vacinas em volume que mal dá para uma cidade média. Tiveram que fazer o avião dar marcha a ré.
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Agora vem o patético. Governadores e o presidente querem chegar na frente na distribuição das vacinas. Não há nada harmônico ou concatenado. Nosso governador, ante todo esse caos, já está se movendo para o nosso Estado comprar diretamente a vacina. E o nosso presidente, que desdenhava da vacina, agora muda de opinião.
Não há harmonia nem nada; há uma corrida eleitoral absolutamente a destempo.
Pergunta que não quer calar: a compra das vacinas vai ser exclusividade do SUS ou do poder público, qualquer que seja seu nível? Sempre recorri às clínicas particulares para me vacinar, pagando do meu bolso.
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É o que me parece justo, ainda mais que o SUS poderia receber uma parte do preço pago à clínica.
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