Jasper

Verdade e cotidiano, as melhores pautas

Como jornalista que soma mais de quatro décadas de atividade e 65 de vida, aprendi que se aprende mais observando o cotidiano que lendo, ouvindo ou assistindo ao noticiário. Há uma máxima que diz: “Opinião pública nem sempre é a opinião publicada”. Em resumo, significa que o que interessa às pessoas – aqueles “normais”, que acordam cedo, trabalham, pagam (muito) imposto e dão duro para honrar os boletos – nem sempre está nas manchetes dos jornais ou na abertura do Jornal Nacional.

Aqui mesmo, neste espaço, inúmeras vezes protestei pelo excesso de conteúdos negativos que caracterizam o noticiário. E não precisamos ir longe para fazer a constatação de que há muitos bons exemplos. O Rio Grande do Sul, que graças à minha profissão tenho o privilégio de conhecer quase que totalidade, possui inúmeras comunidades com “cases” que orgulham a todos os gaúchos.

Infelizmente há poucos bons destaques na “grande” mídia porque reza a lenda que “notícia ruim é notícia que vende”. Minha rotina profissional inclui conversar com prefeitos e vereadores de todas as regiões do Estado. Os gestores públicos deixaram de ser apenas políticos eleitos por seus conterrâneos.

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O rigor da legislação, a complexidade da estrutura pública e a escassez de dinheiro exigem de vereadores e prefeitos conhecimento, cuidado e assessores cada vez mais qualificados. Diversos municípios são exemplos nacionais, mas é incomum assistir a reportagens que destacam qualidades dessa gente.

O apelo ao sensacionalismo existe desde que o mundo é mundo. Por isso, o pessimismo, e a consequente depressão generalizada, tornou-se uma epidemia. Com todos os seus defeitos, as redes sociais constituem um refúgio para quem busca informação fora da radicalização que assola o Brasil.

Chegamos ao absurdo de escolher jornais, emissoras de rádio e tevê, blogs e sites alinhados com A ou B. É tarefa de gincana encontrar veículos comprometidos com o público. Esta semana tivemos mais um exemplo disso. Escrevo em plena terça-feira, mas não é preciso ser vidente para saber o que acontecerá em Brasília. Eu, você, o mundo sabe.

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O jornalismo enveredou para um caminho perigoso de distanciamento do cotidiano das pessoas. A cada fim do dia, reflito sobre a quantidade de informação que absorvi. E me pergunto: quanto disso tudo é útil? Quando é verdade? Quais os interesses que permeiam os conteúdos lançados em manchetes sensacionalistas desprovidas de ponto E contraponto?

Atrações de TV que outrora ostentavam maciça liderança de audiência hoje vivem à míngua, dependendo de publicidade oficial para sobreviver. E isso tem um custo elevado: o custo da verdade. Quem paga exige reciprocidade. Aí, a verdade se esvai pelo ralo do interesse econômico.

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