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Vergonha verde-amarela

Enquanto redijo esta crônica assisto a mais um lamentável episódio no âmbito da Câmara Federal, em Brasília. Um deputado, cujo processo de cassação do mandato seria votado no dia seguinte, apoderou-se da cadeira do presidente e disse que não sairia dali por se considerar injustiçado.

O presidente, ao contrário do que fizera anteriormente, quando um grupo de parlamentares invadiu a mesa diretora, determinou que a Polícia Legislativa retirasse o deputado à força. Além disso, ordenou que profissionais de imprensa fossem retirados do plenário e cortou a transmissão da TV Câmara.

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Dias antes, o país soube que um ministro do Supremo Tribunal Federal pegou carona no jatinho de um banqueiro acusado de dar um golpe bilionário no país. Além disso, soube-se que o escritório de advocacia da família de outro ministro “da mais alta corte do país” mantinha contrato milionário com esse mesmo banco falido.

Esses três fatos ocorridos ao longo desta semana comprovam o caos ético que assola o Brasil. Desrespeito, agressividade, excesso de poder concentrado em poucas mãos e a impunidade que vemos grassar em nosso cotidiano é consequência da postura lamentável daqueles que deveriam servir de exemplo de retidão.

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Em 2026 teremos novas eleições para presidente da República, governador, senador, deputado federal e estadual. A disputa, no entanto, já teve início através de verdadeiro vale-tudo em que todos os expedientes são usados para obter vantagens, ganhar manchetes de uma mídia muitas vezes permissiva e gozar de favores inescrupulosos. 

Nesse quesito, as emendas parlamentares ocupam lugar de destaque. São bilhões anuais, oriundos de nossos impostos, que são distribuídos ao bel-prazer de parlamentares quase sempre imbuídos exclusivamente de interesses pessoais. São “obras” nem sempre justificáveis e que muitas vezes sequer existem.

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Fiscalizar o presidente, governador, senadores e deputados é tarefa difícil, mas são raros os eleitores que procuram acompanhar os votos daqueles que foram eleitos (e pagos) por nós. Nossa omissão resulta no festival de abusos, desrespeito e canalhices subsidiados com o nosso dinheiro. Deveríamos, no entanto, fiscalizar prefeitos e vereadores. São conterrâneos que conhecemos em nosso cotidiano e estão ao nosso alcance. Poucos eleitores acompanham a sessão da Câmara Municipal e as decisões dos prefeitos.

A baixaria na Câmara Federal e o comportamento condenável de ministros do STF que deveriam servir de parâmetro de decência só ampliam o desinteresse com a política. A alienação é geral, compartilhada por um sentimento incontido de revolta. Mas para onde correr, já que o que deveria ser a harmonia entre os poderes – preconizada pela Constituição – se transformou em cumplicidade?

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Gilberto Jasper

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