São 20h30 de domingo. Sentado em uma das dezenas de poltronas confortáveis, o pequeno Victor, de 10 anos, procura, sem precisar do auxílio de ninguém, mais uma das passagens bíblicas citadas pelo Pastor. Desta vez, seria a do livro do Êxodo, em determinado capítulo e versículo que o garoto encontra com um simples virar de páginas.
A partir do texto, do alto do seu púlpito, o líder religioso chama atenção. Diz, várias vezes, e sempre em tonalidades diferentes, que Deus está ali, que Ele está em todo lugar e que Ele, Deus, estaria à procura de amigos. No mesmo momento, sugere uma dinâmica simples: que os fiéis olhem para o lado e digam aos seus irmãos em prece: “sou amigo de Deus”. E o garoto, junto com os demais, com a naturalidade de um seguidor convicto, vira-se para a esquerda e repete a um adulto que está a seu lado: “sou amigo de Deus.”
O culto continua com cânticos festivos, acompanhados por bateria, violão e um coro de vozes que entoa as letras musicais dispostas em um painel. E ele, Victor, aplaude no mesmo ritmo dos devotos. Em outro momento, o silêncio toma conta do ambiente e por vezes os fiéis fecham os olhos, fazem preces, agradecem pela vida, por estarem ali, e são motivados a pensarem somente em uma coisa: no caminho de Deus.
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Hábito de família
Há quatro meses, Victor segue religiosamente a mãe, Magda Fischer, e o padrasto, Jeferson Ernst. Antes mesmo das 19h30, que é quando o culto começa, são os primeiros a chegar na igreja. Jeferson e Magda, inclusive, conheceram-se há oito anos em um dos momentos de oração. Ela, que até então não tinha o hábito de frequentar templos, foi convidada por uma amiga a participar. E então conheceu Jeferson, casou-se com ele e é com quem tem uma filha, Ana Julia, de três anos.
O marido, aliás, sempre participou ativamente da vida religiosa. Aos 14 anos – hoje está com 34 –, foi quando aprendeu a tocar bateria em uma igreja. Tempos depois até fez parte de uma banda de rock e se apresentava voluntariamente em escolas da região. A filosofia de vida de Jeferson chegou em um bom momento na vida de Magda. Ela, que passava por problemas pessoais, conseguiu superá-los motivada pelo marido. E o garoto Victor, com a afinidade do casal, só teve a ganhar com isso. Uma das coisas é a posição dos dois na sua criação.
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Victor é educado com rigor e disciplina, mas também com muito afeto. Ao chegar da Escola Municipal Bom Jesus, por exemplo, onde estuda no 5º ano, já sabe de suas responsabilidades em casa: primeiro deve fazer os temas de escola e só depois pode jogar bola com amigos ou se entreter no videogame. “Nós somos responsáveis por ele e não podemos ser omissos”, entende Jeferson. “E o grande problema de hoje está, justamente, na ausência dos pais na relação com os filhos”, complementa.
Victor, como bom ouvinte, acompanha o depoimento dos pais com a Bíblia em mãos. Ao ser questionado sobre o que seria para ele ser amigo de Deus, o garoto logo responde: “Seguir Deus, confiar em Deus” resume, observado pelo Pastor Diene Adriano do Nascimento. Victor frequenta a igreja Batista Nova Vida, da Rua Farroupilha, de Santa Cruz do Sul.
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