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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Vida Real: Um lugar para se ouvir os aracuãs

Depois de simular uma partida de futebol, em que a mãe era sua principal aliada na troca de passes, Vinícius Lau de Souza, de apenas 7 anos, chega para ela e diz: “Mãe, eu não quero que tu ‘fique’ velha”. Surpreendida com o comentário do menino, Miriam, hoje com 44 anos, prometeu a ele que fará o possível, sim, para manter-se jovem. E acompanhar todas as aventuras do garoto. É no campinho ao lado de casa que, além de fazer embaixadinhas, Miriam e Vinícius se divertem juntos. Mas ali também é o local de outras crianças como Gabriel, Henrique, Guilherme, Manuela, Pedro, Laura e tantos outros.
 
No entorno desse espaço, único lugar de lazer do bairro, é onde também os pais dos pequenos se encontram para confraternizar e tomar chimarrão nos fins de tarde, enquanto os filhos brincam de esconde-esconde quando não estão na escola. Em alguns domingos, inclusive, ali também acontece o churrasco comunitário. Seu Marcos, pai do Vini, providencia a churrasqueira móvel, a vizinhança chega com seus espetos com carnes suculentas e o Vini providencia a bola para a gurizada. E antes do almoço nunca falta o aperitivo de dona Miriam: pão de cacetinho temperado com tomate, alho e queijo. Para os adultos e para a criançada. 

No entanto, há pouco mais de um mês, nesse mesmo lugar de entretenimento e convivência, uma situação tirou dona Miriam do sério. Foi em uma tarde de sol, de julho, em um dos poucos dias sem chuva. De férias do trabalho, até para dar mais atenção ao filho, ela ouviu um barulho um tanto incomum que vinha do campinho onde os moradores geralmente se encontram: o ronco de uma motosserra. 

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Há 15 anos, Miriam escolheu morar no Loteamento Eick, no final da Rua Sete de Setembro, do Bairro Goiás, em Santa Cruz do Sul. Ela, que cresceu e viveu em meio à natureza na infância, sabe o valor que uma árvore tem para a sobrevivência humana. E, por ter consciência disso, foi ela quem mobilizou os demais moradores para defenderem seus direitos. Um deles, comprovadamente mapeado, é o de não permitir que o campinho tenha outro destino que não seja o de seu propósito de origem: o de proporcionar a preservação ambiental e a instalação de equipamentos comunitários. 

Aliados é que não faltam para encorajar Miriam a continuar lutando pelo espaço. O relato de duas de suas vizinhas comprova isso. “Meu filho merece crescer e brincar em um lugar que escolhi por suas características”, disse a senhora Dalvane Cardoso. “Aqui, para mim e para meu filho Gabriel, é um lugar de recomeço”, comentou Clarice Rodrigues Nascimento. Pois se depender de dona Miriam, Dalvane, Clarice e os demais moradores podem ficar tranquilos: os aracuãs continuarão sendo ouvidos por lá.

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