Aidir Parizzi Júnior*
Exclusivo para o Magazine
Em uma noite de primavera no Texas, recebo uma ligação de um colega de trabalho. A pergunta me pegou de surpresa: “Poderias ir no meu lugar para o Vietnã? Tens de partir em dois dias. Precisas estar lá na segunda-feira de manhã”. Digo que é possível, caso consiga obter o visto de entrada em tempo. Quis saber também se havia algum problema com ele. Ter viajado várias vezes com este colega me dava certa intimidade, e ele me confessou o motivo.
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Aquela foi a minha primeira de várias viagens de trabalho ao país de Ho Chi Minh, líder revolucionário e ex-primeiro-ministro comunista que hoje dá nome à segunda maior cidade do país, a antiga Saigon. Ho Chi Minh é uma cidade fascinante, com trânsito caótico de motocicletas em constante zig-zag por largas avenidas. Atravessar as ruas requer coragem e, no início, certa ajuda dos habitantes locais. A única forma é avançar sem olhar muito para os lados, confiando na destreza dos milhares de motoqueiros que desviam dos pedestres, em uma espécie de videogame da vida real.
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Um dos pontos altos daquela viagem foi o passeio de barco de um dia inteiro pelo delta do Rio Mekong, sinônimo de terror na época das guerrilhas contra os americanos. As visitas aos fervilhantes mercados – alguns flutuantes –, as incursões nas entranhas pantanosas da região e, principalmente, o contato com a população que ali vive e trabalha, sem luxo mas quase sempre com aparência feliz e sorridente, fazem a viagem valer a pena. Em uma das paradas, almocei na casa de uma senhora de 92 anos, muito sorridente e cheia de energia no preparo da saborosa cozinha vietnamita.
A Guerra do Vietnã permanece presente nas lembranças e nos monumentos espalhados pelo país. Foram vinte anos que deixaram mais de um milhão de mortos, quase todos do lado asiático. Por lá é conhecida como A Guerra Americana, ou Guerra de Resistência contra a América.