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Vinícola Thomasi: uma história com uma boa dose de força para seguir em frente

O endereço número 1 da Rua Ipiranga, no centro de Vera Cruz, abriga uma boa coincidência. É justamente lá que cresce a Vinícola Thomasi – Vinhos Finos, pioneira no município. E quem se propõe a conhecer o recanto, se encanta. Não somente pela edificação e pela área verde, na qual parreirais começam a despertar em parte do terreno, mas pela emoção com a qual o empreendimento é construído no passar dos anos.

A ideia de investir na área nasceu da parceria entre pai e filho. Inicialmente, o farmacêutico Henrique Thomasi fez uma proposta a Celso Thomasi: produzir cerveja artesanal. “A gente até tentou no início, mas depois eu não quis mais. Aí disse: se for para produzir vinhos, eu topo!” Naquela vez, a voz da experiência foi, também, o pontapé para uma trajetória que nascia do acaso para ser sinônimo de sucesso.

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O tempo passou e a produção subiu de 1,5 mil garrafas, no primeiro ano, para uma média de 20 mil anuais. Mas quando tudo parecia “estar dando certo”, como conta Celso, um fato abalou a família: Henrique, prestes a completar 44 anos, descobriu um tumor agressivo no cérebro e veio a falecer uma semana depois do diagnóstico. Enquanto a notícia repercutia, e uma legião de admiradores se entristecia, na vinícola era preciso continuar.

Sete dias após o falecimento, a irmã e filha, Lauren Thomasi, 40, pediu em oração um sinal sobre como ajudar os pais no momento difícil. No dia seguinte, uma amiga sugeriu: “Mas por que você não entra no negócio?”.

A partir dali, a fisioterapeuta reorganizou a rotina e começou a integrar o empreendimento, dando continuidade ao projeto do irmão. “Eu não tinha qualquer relação, mas sinto que está surgindo uma paixão muito grande. Consigo sentir o Hique aqui dentro, em tudo. Tenho a certeza de que ele está aqui conosco.”

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Henrique (à direita, junto com o pai Celso) era considerado o coração da vinícola | Foto: Reprodução

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Produção ganhou mercado e reconhecimento

O que começou na garagem de casa, no Bairro Higienópolis, em Santa Cruz do Sul, em meados de 2010, hoje percorre o País, quiçá o mundo. “Coloquei a receita do nono em prática. Para a primeira leva utilizamos 2 mil quilos de uva, vindos de Sobradinho”, lembra Celso Thomasi. Atualmente a produção já está presente em lojas e restaurantes de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Paraíba e em municípios gaúchos, como Três de Maio e Lajeado.

A mudança para Vera Cruz, o endereço atual, ocorreu somente mais tarde, quando os avós maternos de Henrique e Lauren, e sogros de Celso, Edmundo – mais conhecido como Sona – e Charlotte Keller, cederam uma parte do terreno para a construção do primeiro prédio. “Depois, com a ideia de ampliar, eles começaram a procurar novas áreas pela região. Foi durante essa busca que os vizinhos colocaram um lote à venda”, lembra Lauren Thomasi.

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No momento, a vinícola conta com matéria-prima vinda de Encruzilhada do Sul e a expertise de dois enólogos contratados para garantir a qualidade do produto. Essa, por sinal, já é reconhecida por premiações. O vinho Reserva, safra 2018, foi premiado com ouro no Brazil Wine Challenge 2020, em Bento Gonçalves. O rótulo inclusive é uma homenagem ao trisavô de Lauren e Henrique e representou uma nova era para a vinícola.

Do sonho ao convite. Da primeira pipa e do primeiro tanque de inox. Dos mistérios e crenças que envolvem a vida, a Thomasi segue sendo palco para bons momentos. “A vinícola sempre foi meu pai e meu irmão. Mas depois do que aconteceu, foi preciso encontrar novas saídas. Então tomei a decisão e falei: ‘Estou disposta a ajudar vocês. Vou fazer tudo o que posso’”, lembra Lauren.

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Segundo ela, o pai ficou feliz com o aviso. E a luz que brindou os dias seguintes pode ser um sinal de que o Henrique ficou também.

Lauren e o pai, Celso Thomasi, precisaram encontrar forças para dar andamento ao projeto do irmão e filho, falecido neste ano | Foto: Rodrigo Assmann

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Quando vem do coração

Fundamental para a produção de um bom vinho, o tempo também é um importante aliado para acalmar as dores do coração. Quase quatro meses após a morte do filho, o ex-bancário Celso Thomasi, 73, encontra forças para continuar em frente e honrar os sonhos de Henrique. E os dias se desenrolam, com novos investimentos, projetos, eventos e celebrações na vinícola.

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Seguir adiante é também uma forma de homenagear aquele que vivia intensamente cada fase, mas precisou se despedir de maneira tão repentina. Na história da família, aliás, o bisavô de Celso, Silvio Giuseppe Thomasi, vindo da Itália, também produzia vinhos, em Nova Palma. Mas aos 48 anos, precisou dar fim à atividade, devido a problemas de saúde.

As memórias de menino, acompanhando os nonos na produção, foram as responsáveis pelo apreço do empreendedor pela atividade. “O vinho já corria nas veias. Ele me traz memórias de criança, correndo em meio às barricas. É uma bebida viva.” Apesar de o pai de Celso não ter seguido o ofício, o costume de saborear uma taça permaneceu na família. “E com ele, também, a minha vontade de produzir.”

Vinhos da empresa podem ser encontrados em lojas e restaurantes de São Paulo e Rio de Janeiro e também em municípios gaúchos | Foto: Rodrigo Assmann

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