A expressão “Rosa Branca” foi assunto nesta semana graças a uma operação da Polícia Federal. Equipes cumpriram mandados de busca e apreensão em Lajeado na quarta-feira, dentro de uma investigação sobre apologia ao nazismo, racismo e produção de deepnudes – falsas fotos íntimas geradas com inteligência artificial – de parlamentares brasileiros.
Não vi ninguém comentar o motivo dessa denominação, “Operação Rosa Branca”, mas imagino – por seu caráter de combate ao neonazismo – que faça alusão a fatos da Segunda Guerra Mundial. “Rosa Branca” era o nome de uma organização civil de resistência antinazista surgida na própria Alemanha, em Munique, na década de 1940. Seus integrantes eram na maioria estudantes universitários, dos quais os mais famosos foram os irmãos Sophie e Hans Scholl.
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Formavam um grupo não violento, que expressava sua indignação por meio da escrita. Divulgavam panfletos incitando a população a se rebelar contra Hitler. Todos foram presos pela Gestapo e executados na guilhotina (Sophie tinha 21 anos). Esse enredo rendeu pelo menos dois filmes: A Rosa Branca, de 1982, e Sophie Scholl – Uma Mulher Contra Hitler, de 2005.
E é uma história que faz lembrar algo por vezes esquecido: nem todos os alemães foram partidários ou docilmente submissos a Hitler. Alguns se posicionaram como a consciência lhes exigiu e pagaram com a vida. Para quem observa de fora, esse tipo de nuance às vezes escapa.
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Perceber nuances em qualquer coisa não tem sido fácil, aliás. Na mesma semana em que tivemos o Dia da Consciência Negra, repercutiram dois casos de xenofobia e racismo, o mais grave em Portugal. Em uma escola no interior, um menino de 9 anos, brasileiro e negro, teve dedos de uma das mãos decepados por outras crianças. A família achou melhor sair da cidade.
Casos de agressões verbais e físicas contra brasileiros têm aumentado de forma vertiginosa em Portugal. Em setembro, viralizou o vídeo de um homem prometendo recompensa de 500 euros “a cada português que me trouxer a cabeça de um brasileiro”. Os imigrantes são apontados como fonte de todas as desgraças e intimados a voltar ao lugar de onde vieram.
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Significa que todos os portugueses são xenófobos? Não, mas as circunstâncias por vezes tornam difícil tal percepção. Mais perto de nós: os catarinenses são todos como a mulher que gritou falas racistas no jogo entre Avaí e Remo? “Olha a tua cor”, disse (como se a cor dela fosse grande coisa). Não, dificilmente são assim.
Mas há muitos que, como ela, afirmam: Santa Catarina não é para qualquer cor de pele. Volte para a terra de onde veio. Mesmo que, exceto os indígenas, não exista grupo étnico no Brasil que não tenha vindo de outras terras. Certas coisas às vezes escapam.
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