A ascensão vertiginosa da candidatura à Presidência da República de Luciano Huck – já descartada pelo próprio – comprova o clima de orfandade política do País. Bastou que uma celebridade global redigisse alguns artigos em jornal de circulação nacional com teor político para se transformar em esperança de resgate da decência que abandonou a atividade pública verde-amarela.
Huck é milionário, casado com uma atriz/apresentadora global, dono de pousadas em Fernando de Noronha e no litoral carioca, além de acionista de inúmeros empreendimentos. Como observador da cena nacional, talvez ele tenha produzido um balão de ensaio para testar sua popularidade, mas certamente ficou assustado com o clima de desolação nacional tão intenso que gerou uma comoção nacional.
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A falta de participação dos brasileiros é outra consequência que coloca em risco a democracia, depois de décadas de obscurantismo ditatorial permeado pela censura, tortura, prisões ilegais e argumentos maquiados atualmente para justificar uma ação “enérgica contra a violência e a insegurança”.
Quando me perguntam como consigo trabalhar com política, respondo que se trata de uma espécie de compartilhamento de responsabilidade. Afinal, nenhum representante – seja vereador, prefeitos, deputado estadual e federal, senador ou presidente da República – brotou espontaneamente. Todos – rigorosamente todos! – foram eleitos, receberam uma procuração.
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Diante de tamanha variedade de golpes cometidos contra todos nós, não surpreende que um apresentador de programas vespertinos de fim de semana seja alçado à condição de salvador da pátria. Nós, que muitas vezes votamos com o coração ao invés da razão, e nunca sequer verificamos os votos dados por nossos representantes, temos percentual significativo de responsabilidade com o que ocorre de lamentável no Brasil.