A vida de jornalista permite colecionar experiências divertidas e inesquecíveis. Como repórter de rádio e de jornal e assessor de imprensa dos três poderes, lembro de muitos causos, parte deles reunida no livro O tempo é o senhor da razão e outras crônicas.
Em uma coletiva da direção da GM, em Gravataí, o governador Germano Rigotto fez um pedido: queria citar todos os veículos de comunicação presentes ao evento. De planilha em punho, cumpri a romaria. Duas gurias conversavam animadamente com um crachá de imprensa. Pedi licença e perguntei:
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Elas se olharam e uma delas, muito irritada, virou-se para a amiga e disparou:
– Tá vendo só? Eu te disse pra não botar o nosso Chevette na entrada da garagem!
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– Tchê… Por que vocês querem matar a gente? – perguntou.
– Porque tem o fulano (deu o nome) da rádio de vocês, que só mente. Por isso vocês vão apanhar! – retrucou. Com calma, o “retratista” deu o nome do profissional e o endereço do colega da emissora.
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Em uma greve de trabalhadores em ônibus, eles deitaram no chão na frente do Mercado Público para evitar a saída de veículos. Uma coluna de brigadianos avançou em direção aos grevistas. Estávamos atrás dos trabalhadores e em segundos o caos se instalou, com bombas de gás lacrimogêneo. Grevistas e jornalistas corriam Borges de Medeiros acima para fugir dos cassetetes (àquela época, de madeira maciça!). Na Salgado Filho, um PM me alcançou. Fiquei pendurado em uma árvore e levei muitas cassetadas, que deixaram marcas roxas nas costas. Doeu, mas sobrevivi para contar a história.
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