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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

A lição dos antigos marinheiros

Que atire o primeiro mouse quem nunca surtou diante de um computador travado, de um aplicativo que demorou a baixar ou de uma breve queda do sinal de wi-fi.
A imersão tecnológica em que vivemos, claro, tornou nossa existência mais ágil e prática. Para descobrirmos nosso saldo bancário, após um e outro Pix, bastam alguns cliques no celular. Quase ninguém lembra que, na época de nossos pais ou avós, era preciso fazer uma solicitação ao banco e esperar uma semana até chegar o extrato.
Mas, nos dias de hoje, o que fazer quando a internet está instável ou o site do banco fica indisponível por alguns minutos? Que tragédia!
A tecnologia transformou-nos em criaturas aceleradas, ansiosas. Cada segundo conta em nossa interminável agenda de tarefas, viabilizada por mérito da tecnologia – mas, também, composta por obrigações que se impõem justamente por causa dela. Nossos pais ou avós não surtavam quando era necessário adiar uma compra com cheque, na mercearia ou na loja de fazendas, por alguma dúvida quanto ao saldo disponível. Ou quando notícias de amigos e familiares distantes custavam a aparecer na caixa de correio. Apenas esperavam.

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Nas décadas seguintes, veleiros também proporcionaram aventuras geladas nos polos do planeta. A Marinha Real britânica passou a despachar seus melhores navios em busca da almejada Passagem do Noroeste, um possível atalho entre o Atlântico e o Pacífico através do labirinto de canais que compõe a paisagem do Ártico. Contudo, quando temperaturas abaixo dos 45 graus negativos congelavam essas passagens, os navios acabavam presos por meses.
As tripulações então invernavam, conforme a expressão utilizada a bordo. Ou seja, passavam o longo e escuro inverno ártico paradas, confinadas aos conveses inferiores, rezando por um verão quente o bastante – quiçá com uns 10 graus negativos –, que possibilitasse a retomada da navegação. Banho? Nem pensar…
E haja rum.

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Tornou-se lendária a expedição que, em 1845, seguiu em busca da Passagem do Noroeste a bordo dos navios H.M.S. Erebus e H.M.S. Terror, dois veleiros também equipados com motores a vapor. Após uma longa invernada, e na iminência de toparem com uma imensa banquisa de gelo, os oficiais e especialistas tentaram convencer o comandante, capitão Sir John Franklin, a mudar o curso. Mas Franklin era um veterano do mar bem cabeça-dura. Ignorando os prognósticos, mandou seguir em frente.
E o mar simplesmente congelou ao redor dos cascos dos navios, mantendo-os presos por mais uma invernada – desta vez, longa demais. Nenhum dos quase 130 tripulantes sobreviveu à espera gelada e os destroços do Erebus e do Terror só foram encontrados, naufragados, em 2014 e 2016.
Admito: tem vezes em que não convém esperar muito.

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