Professor, contista, romancista e dramaturgo, Altair Martins estará no Colégio Estadual Monte Alverne na quarta-feira que vem | Foto: Davi Boaventura
Um dos principais autores da literatura sul-rio-grandense (e também da brasileira) na atualidade, o escritor Altair Martins, estará em Monte Alverne na próxima quarta-feira, 16. A iniciativa é do Colégio Estadual Monte Alverne, dentro do projeto Autor Presente, existente no educandário há quase quatro décadas (foi criado em 1989). Será uma oportunidade valiosa para que professores e estudantes (e toda a comunidade escolar) possam ouvir um nome de projeção internacional, inúmeras vezes premiado.
Natural de Porto Alegre, aos 50 anos, Altair possui vínculo de longa data com Santa Cruz, cidade na qual chegou a lecionar, em curso pré-vestibular, além de ter comparecido a feiras do livro e eventos em escolas. Ainda na juventude, surpreendeu a cena cultural ao vencer o Prêmio Guimarães Rosa da Rádio France International, em 1994, na categoria conto.
Era o prenúncio de carreira bem-sucedida nas letras, o que se confirmou com os volumes de contos Como se moesse ferro, Se choverem pássaros, Dentro do olho dentro e Enquanto água. Depois do primeiro prêmio, seguiu conquistando importantes certames. Também em narrativa longa. A parede no escuro, sua estreia nesse gênero, pela Record, de pronto recebeu o Prêmio São Paulo de Literatura, em 2009. Ainda em romance, lançou Terra avulsa, em 2014, pela Record, e Os donos do inverno, em 2019, pela Não Editora.
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Em Monte Alverne, sua conversa com o público será voltada a dois desses livros. Conforme explica a vice-diretora e supervisora Débota Vogt, seis turmas estarão envolvidas nos debates, na parte da tarde: alunos de 8o e 9o anos leram justamente os contos de estreia dele no volume Como se moesse ferro, lançado em 1999 pela editora WS; e os do ensino médio trabalharam com seu romance mais recente, Os donos do inverno.
Ainda pela manhã, no mesmo dia, Altair fará atividade específica com os professores. Além de escritor, ele é mestre e doutor em literatura brasileira pela Ufrgs. Leciona na PUCRS, nos cursos de Letras e de Escrita Criativa. Ultimamente, tem publicado também peças de teatro, com novos títulos programados para este ano (teve igualmente experiência nos palcos).
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Além da visita ao colégio, Altair conversou com a Gazeta do Sul sobre sua trajetória, projetos e a importância da literatura no país. Confira:
Como tem sido ao longo do tempo tua relação com Santa Cruz do Sul e com a região?
Tive uma avó emprestada de Santa Cruz (madrasta do meu padrasto) cujo nome era uma “tradução” de seu nome original: Alice. Foi pelos meus 8 ou 9 anos que visitei a cidade pela primeira vez. A partir daí, me apresentei como ator nas escolas, lecionei nos cursinhos da cidade e fiz participações na Unisc, junto às disciplinas do professor Elenor Schneider. Ultimamente, tenho ido a Santa Cruz para a Feira do Livro (nunca mais me convidaram, snif) e para atender leitores meus nas escolas. Já visitei leitores de muitas cidades vizinhas, como Agudo, Passo do Sobrado, Capitão…
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Quais os teus projetos em curso na área da literatura? O que tens desenvolvido?
Na PUCRS, tenho trabalhado nos cursos de Letras e de Escrita Criativa. Junto ao programa de pós-graduação, desenvolvo um projeto de pesquisa chamado “Intersemioses Criativas”, que investiga as relações entre a escrita e as artes com foco no aspecto criativo. Realizamos já publicações nesse sentido e uma linda exposição na Pinacoteca Ruben Berta, de Porto Alegre, quando propusemos uma curadoria de obras de arte guiadas pela Escrita Criativa. Estamos em processo de desenvolver teorias próprias a respeito, já que, em nível de investigação criativa intersemiótica, pouco se tem publicado. Também pesquiso o Absurdo nas narrativas contemporâneas com vias à minha produção como dramaturgo e romancista atualmente.
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Além da atuação como escritor, és professor na área da literatura. Como essas duas ocupações se (re)alimentam e como vês os estudos literários atualmente no Estado e no Brasil?
No fundo, o escritor luta para sobreviver frente às demandas geradas pela burocracia educacional. Para qualquer atividade há um relatório, uma plataforma, um preenchimento de dados inútil. Nós, professores que escrevemos, respiramos quando estamos em sala de aula, na graduação, na pós ou na pesquisa. Claro: aí as reflexões que propomos, que recebemos, e as leituras diversas fazem espocar aquele desejo de produção. É assim que o escritor que leciona vive: colhemos o que melhor damos e o que melhor recebemos.
Atualmente, os estudos literários têm se ocupado de uma demanda calada há muito: as vozes silenciadas. Isso nasceu justamente na universidade, a partir do trabalho de colegas brilhantes, como a professora Regina Dalcastagnè. Foi quando autorias não dominantes (não brancas, não machas) começaram a receber foco. O que vemos hoje é um aumento do interesse de nossos leitores, que, lesados em sua representação, agora leem e escrevem. Tenho acompanhado o quanto a literatura tem agido de modo político no sentido salutar do que verdadeiramente se espera de algo que chamamos democracia. Pela pós da PUCRS passaram muitas das pessoas que têm colaborado nesse sentido, como o Jeferson Tenório e a Truduá Dorrico.
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