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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Antunes, o protagonismo negro e os 38%

Um grande ator brasileiro esteve em Santa Cruz do Sul há poucos dias. Com uma trajetória de décadas no cinema e na televisão, Sirmar Antunes veio prestigiar a exposição Pretos na Tela, encerrada nessa quinta-feira na Casa das Artes Regina Simonis. A mostra da fotógrafa e jornalista Dulce Helfer trouxe imagens de atores e atrizes negros, captadas em gravações de filmes do diretor Tabajara Ruas: Netto e o Domador de Cavalos, Os Senhores da Guerra e A Cabeça de Gumercindo Saraiva.

Um dos fotografados é o próprio Antunes, gaúcho de Medianeira, 65 anos. Talvez você não lembre, mas ele também atuou em produções da Globo, como a minissérie A Casa das Sete Mulheres. O ator concedeu entrevista ao jornalista Marcio Souza, da Gazeta do Sul, publicada na edição dessa quarta-feira. E não deixou de falar sobre representatividade, um assunto que nunca é “batido” quando se trata do Brasil.

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A invisibilidade ou subalternidade do negro não é só um discurso. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes a 2018, mostram que trabalhadores brancos receberam, em média, 75% a mais do que negros e pardos. Quanto mais se avança na hierarquia de cargos e salários, mais se percebe que mérito e sucesso têm cor. Exceções há, mas o racismo é um fato e pode ser obstáculo na busca de melhores oportunidades profissionais e de ascensão social. Alguns dirão que tudo é exagero, nada disso existe. Mas não faltam estudos, números e argumentos para demonstrar o contrário.

Em abril deste ano, o instituto PoderData realizou pesquisa sobre racismo, com 2.500 entrevistas feitas em 482 municípios do Brasil, por telefone. Uma das questões era: “Você tem preconceito contra negros?”. Nada menos do que 38% – sim, 38% – dos entrevistados responderam “sim”. É um número maior do que o apontado no levantamento anterior, de novembro de 2020, quando 34% se reconheceram como racistas. Ao mesmo tempo, os que alegaram não ter preconceito contra negros, em abril, foram 51%. Aqui, o que houve foi uma queda: essas pessoas eram 57% na pesquisa do ano passado.

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É por isso, então, que Sirmar Antunes deve falar mesmo sobre representatividade, ele e nós todos. O Brasil é multiétnico, não há “pureza”, somente misturas que o conformam. Como dizia o antropólogo Claude Lévi-Strauss: “Uma nota musical não tem significado em si mesma, é apenas uma nota. É só pela combinação delas que se pode criar música”.

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