O presidente da Associação Tradicionalista Santa-Cruzense (ATS), Tibicuera Almeida, relatou indignação com o fato de a entidade não ter sido convidada para participar da organização do Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart) deste ano. Em entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9, ele afirmou que a associação foi “surpreendida, profundamente magoada, frustrada e indignada com toda essa situação”.
Ao contextualizar a história do festival, lembrou que o evento teve origem em 1977, ainda como Festival Estadual de Arte Popular e Folclore (Femobral) ou popularmente conhecido como Mobral, e que Santa Cruz passou a sediá-lo a partir de 1997, quando ainda se chamava Festival Gaúcho de Arte e Tradição (Fegart).
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Segundo ele, desde então a ATS sempre integrou a organização, junto aos Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) e demais entidades locais. Almeida recordou que a associação nasceu em 1995, presidida por Antônio Pereira dos Santos, e que teve papel essencial na vinda do festival para o município.
O presidente da ATS explicou que a relação entre a entidade e o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) vem se desgastando ao longo do tempo, mas destacou que esta é “a primeira vez na história” em que a entidade não foi incluída. “Simplesmente, dessa vez, a nossa ATS e as nossas entidades oficialmente sequer foram convidadas”, lamentou. Tibicuera relatou que a ausência de diálogo aumenta a frustração. “Enviamos a nota institucionalmente com todo o respeito, tanto para o MTG como para a 5ª Região Tradicionalista (5ª RT), e nenhum dos dois nos deu retorno”.
Almeida acrescentou, ainda, que comparação feita por um amigo resume o sentimento: “O colega disse que seria como um pai que cria o filho, se dedica e alimenta, vê esse filho ganhar notoriedade e, de repente, um vizinho vem e diz: ‘a partir de agora esse filho é meu’”. Para o presidente da ATS representa a percepção de que o trabalho histórico da entidade teria sido desconsiderado.
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A associação divulgou uma nota pública na última semana relatando a insatisfação. Segundo o presidente, a decisão foi apoiada pelos patrões das 19 entidades filiadas, que manifestaram a mesma preocupação. O documento foi entregue ao prefeito Sérgio Moraes, vereadores e demais órgãos municipais. “Queremos demonstrar para a comunidade e para os poderes públicos o que está acontecendo”, afirmou.
Sobre tentativas de retomar diálogo ou eventual recurso judicial, Tibicuera descartou medidas extremas. Ele defende que a solução passe por conversas com o poder público, já que o município também investe recursos no evento. “Queremos sentar todo mundo junto, conversar e ver de que forma podemos retornar e ajudar”, declarou, reforçando que a intenção é manter o Enart em Santa Cruz e reconstruir a parceria.
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O presidente pontuou, ainda, que os objetivos originais da vinda do Fegart, de valorizar a cultura regional e fortalecer as entidades locais, teriam sido esquecidos. “Isso se deteriorou. Esse objetivo foi perdido, e é isso que estamos reivindicando”.
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Apesar do impasse, o presidente da ATS destacou que a entidade segue cumprindo seu papel no tradicionalismo, citando a realização da Semana Farroupilha deste ano e a organização do 1º Salão Gaúcho de Artesanato, Agricultura Familiar, Cultura e Economia Criativa, marcado para 5 a 7 de dezembro. Ele afirma que a entidade já demonstrou competência ao longo de décadas, inclusive desde os tempos da Festa Campeira do Rio Grande do Sul (FECARS). Por isso, diz que causa estranhamento ficar fora justamente de um evento que nasceu e cresceu com participação direta da ATS. “É uma surpresa indigesta”, resumiu.
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O Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) foi procurado pela reportagem, mas preferiu não comentar sobre o caso.
*Colaboraram Marcio Souza e Carina Weber
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