Agronegócio

Colheita do arroz passa de 50% na região central do Estado; produtividade é considerada boa

A região central do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) superou a marca de 50% do produto colhido e, mesmo com adversidades ainda presentes por conta da enchente do ano passado, há boas perspectivas para os resultados. “Não será uma supersafra, mas o panorama é muito bom”, avalia o coordenador do órgão na área, o engenheiro agrônomo Enio Alves Coelho Filho. Ele estima que da área semeada com arroz – 123.799 hectares –, 53,75% dos grãos já foram retirados da lavoura. E até o fim do mês, deve chegar a 70%. 

A média por hectare tem sido de cerca de 170 sacas. Essa quantidade pode diminuir conforme a colheita for findando, pois grão foi semeado fora da época preferencial (segunda quinzena de outubro a segunda quinzena de novembro), em virtude da enchente de maio do ano passado, que ainda impacta a produção.

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“São reflexos da enchente que atrapalharam principalmente a região central, causando danos e transtornos nas áreas arrozeiras, fazendo com que os produtores precisassem reconstruir os canais de drenagem e de irrigação”, salienta Coelho Filho. “As próprias lavouras precisaram de reposição de materiais como areia, pedras e árvores, principalmente na região da Quarta Colônia.” Nessa área ficam os municípios de Restinga Seca, Agudo, São João do Polêsine, Silveira Martins, Faxinal do Soturno, Ivorá, Nova Palma, Pinhal Grande e Dona Francisca,. 

Ele acrescenta que essas situações ocasionaram atraso na semeadura, ultrapassando a melhor época recomendada segundo o zoneamento agrícola agroclimático. “Por conta disso, pensou-se que não haveria uma produção muito boa, mas acompanhando os movimentos de colheita, atingindo já mais da metade da área semeada, a produtividade vai bem”, analisa. “Embora semeado tarde, tivemos uma condição de radiação solar nos meses de dezembro e janeiro, proporcionando para a planta uma boa fotossíntese, respondendo em produtividade.”

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Apesar dos problemas decorrentes da catástrofe em 2024, o representante do Irga na região frisa que os bons resultados desta safra têm sido fruto da luminosidade (incidência solar) e temperaturas favoráveis, sobretudo em dezembro e janeiro, período de desenvolvimento do cereal. Algumas áreas pontuais sofreram com a falta de água, como locais com arroios com um fluxo não tão bom e que abastecem as lavouras. “Mas não é geral”, observa.

Coelho Filho ainda salienta a superação do produtor rural. “A resiliência dele é impressionante. Reconstituir-se frente a tudo o que passou, ver as lavouras semeadas sendo colhidas, é um grande exemplo do que o homem do campo é capaz.”

Máquinas avançam nas lavouras gaúchas

No Estado, a colheita já chega a quase 79,19%, e algumas áreas estão com o trabalho até mais avançado. O núcleo de Caçapava do Sul alcança 80% de produção colhida; a região de Santa Cruz, 75%, e a de Agudo, 36%. Até o próximo dia 30 a maior parte do cereal deve ter sido retirada das lavouras, chegando a uma média de 70% na região central.

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“Por mais que nossa região central, num contexto total, não signifique muito – em torno de 15% do Estado –, representa em número de produtores e lavouras, isso impacta socialmente. Predominam as pequenas propriedades rurais, a agricultura familiar”, enfatiza o engenheiro agrônomo Enio Alves Coelho Filho. 

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Na última safra foram colhidos 7.659 quilos por hectare, representando 903.762 toneladas na região central, numa área semeada de 118 mil hectares. Para este ciclo, a expectativa é de uma produtividade um pouco maior, chegando a 8,5 mil quilos por hectare em 123 mil hectares semeados.

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“Infelizmente, o preço não está bom. O saco de 50 quilos está entre R$ 71,00 e R$ 75,00. Até porque tivemos esses gastos com a produção desta safra, impacta a rentabilidade do produtor no final”, diz o coordenador regional do Irga na região central. “Mas pode ser que haja uma compensação por conta da produção – o produtor vai ter um maior volume para entregar.”

Valorização

A diminuição da safra americana de arroz – entre 10% e 15% – pode ajudar a trazer maior competitividade para o arroz gaúcho. “Além disso, a baixa qualidade observada no produto colhido no Norte do Brasil é outro fator que pode aumentar a procura por produto oriundo do Sul do Brasil”, pondera o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho.

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No mercado externo, segundo ele, há demanda confirmada de países como Nicarágua, Panamá, México e Costa Rica, que devem garantir um bom volume de comercialização no porto. “Como destaque, a Costa Rica, que deve confirmar uma compra de produto brasileiro acima de 200 mil toneladas entre abril e junho.”

Regional central do Irga

A regional central do Irga é compreendida por nove núcleos de assistência técnica, com sede nos municípios de Cachoeira do Sul, Rio Pardo, Santa Maria, Restinga Seca, São Sepé, Candelária, Caçapava do Sul, Formigueiro e Agudo, totalizando 32 municípios produtores de arroz. O núcleo de Candelária, ao qual pertence Santa Cruz, soma 13.060 hectares plantados. Somente em Candelária foram semeados 5,4 mil hectares; em Santa Cruz, 1.708 hectares.

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Ricardo Gais

Natural de Santa Cruz do Sul, Ricardo Luís Gais, 27 anos, é jornalista multimídia no time do Portal Gaz desde 2023.

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