Complexo localizado no Bairro Aliança tem registrado baixa na quantidade de atendimentos, o que compromete as atividades
A Comunidade Terapêutica Recomeçar, voltada ao tratamento de dependentes químicos, corre o risco de cessar as atividades diante de problemas financeiros. Com a queda no número de pacientes nos últimos três meses, a situação de setembro é considerada incerta.
Conforme o presidente do CT, Roberto Moura, o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) não tem encaminhado dependentes químicos para a entidade local, que acabam sendo transferidos para outros municípios. Tal decisão, segundo ele, impacta as contas da entidade, uma vez que o convênio firmado com a Prefeitura garante um repasse mensal conforme o número de pacientes. O contrato prevê 662 diárias por mês, permitindo tratar até 23 pessoas.
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Entretanto, nos últimos meses, a instituição tem atendido um número muito abaixo, chegando a cinco em agosto. Devido a isso, o valor destinado pelo município reduziu consideravelmente.
O assistente social Junior Jantsch afirma que muitas famílias santa-cruzenses pedem para que os dependentes sejam atendidos na entidade, especialmente diante da necessidade de não ter que se deslocar. Segundo ele, o CT oferece suporte aos familiares, uma vez que a dependência também afeta quem convive com a situação. No entanto, são transferidos a outros municípios.
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Moura estima que seriam necessários pelo menos 20 pacientes para garantir a verba necessária para manter as contas em dia e as operações da instituição. Para proporcionar os atendimentos, a entidade conta com uma equipe multiprofissional composta por médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionista, consultor de independência química, assistência social e monitores, serviços que são afetados com a falta de recursos.
“No início do ano, tivemos um mês em que o faturamento passou de R$ 70 mil. Agora caiu para R$ 37 mil, depois R$ 32 mil e neste mês vai ser de R$ 20 mil, daí não tem como pagar a folha”, afirma.
Com duração de 60 meses, o convênio com a Prefeitura vai se encerrar em outubro. Moura deixou claro que, sem a parceria, as atividades serão suspensas. “Estamos há tempo martelando nessa questão. Então, terminou o convênio, se não chegarmos a um acerto, vamos encerrar em outubro. A diretoria, que é toda voluntária, não vai mais ficar se incomodando.”
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De acordo com o presidente do CT, uma reunião está agendada com o prefeito Sérgio Moraes para a próxima quinta-feira, 21. A intenção é encontrar uma saída favorável para a manutenção da entidade, contemplando a transferência de recursos para arcar com o custo operacional. “Nós não vamos renovar o convênio nesses termos, não temos como continuar assim”, reitera.
A depender da resposta do Município, Moura afirma que a entidade buscará outras alternativas para a estrutura, instalada em terreno com 1,3 mil metros quadrados no Bairro Aliança. Nesta sexta-feira, 15, o CT receberá o diretor-geral do Hospital Ana Nery, Gilberto Gobbi, para reativar o serviço de desintoxicação.
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“Se não conseguirmos um contrato com o Município que seja viável, podemos entregar todo o complexo para o Ana Nery fazer um hospital de desintoxicação”, diz o presidente.
Em nota, a Prefeitura de Santa Cruz do Sul afirma que as questões relativas ao contrato com a CT Recomeçar estão sendo discutidas e serão analisadas pela gestão. O Município reconhece o trabalho prestado no local, que é bastante valorizado pela comunidade.
“Seu papel é relevante e complementar ao realizado no âmbito dos outros serviços, devendo voltarem-se ao reestabelecimento da autonomia dos usuários, sua reinserção no trabalho e na família”, informa a Prefeitura.
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Conforme o Município, os encaminhamentos continuam ocorrendo de acordo com a necessidade da rede de saúde mental e serão mantidos enquanto o contrato estiver vigente. No entanto, a nota frisa que os encaminhamentos dos Caps para serviços com essa finalidade não ocorrem de forma exclusiva à CT Recomeçar.
“Há 18 Comunidades Terapêuticas credenciadas no Estado, com vagas com financiamento federal e estadual. A CT Recomeçar atualmente não está entre essas, disponibilizando somente vagas particulares ou pelo contrato municipal”, salienta o texto.
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O documento da Prefeitura cita ainda o fato de que não há vagas custeadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Comunidades Terapêuticas. Elas se encontram, em nível federal, no escopo do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Já no no Estado, elas estão sob sob gestão da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH).
“E eles dispõem de mecanismos para fiscalização periódica dos serviços cadastrados, prezando por garantir a segurança e a humanização no tratamento dessas pessoas”, acrescenta a nota.
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