Agronegócio

Dias frios se transformam em desafio na rotina de feirantes e clientes

Os dias chuvosos e frios das últimas semanas se transformaram em um teste de resistência, sobretudo na agricultura. No caso dos feirantes de Santa Cruz do Sul, a situação ainda é mais desafiadora, pois as lavouras sofrem com as variações climáticas. Eles precisam encarar madrugadas geladas a fim de conseguir atender os clientes no horário e local de costume.

O jovem Diego Fritzen, de 24 anos, morador de Linha João Alves, começou a atuar na feira em 2021. Dando continuidade às atividades já desenvolvidas pela família, desde então ele é um dos 13 feirantes com banca nos fundos do Parque da Oktoberfest. Nas manhãs das quartas-feiras e dos sábados, já está no local a partir das 5 horas, para organizar a banca. Mas o trabalho começa antes, por volta das 3h30, quando levanta para carregar os produtos no veículo. 

Diego conta que, apesar do frio, o movimento não diminuiu. No entanto, alguns produtos acabam faltando em razão da chuva e da geada, que prejudicam o desenvolvimento. “Com esse clima, tem ocorrido muita escassez de produtos. A geada dificulta o crescimento das plantas.”

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Ele ressalta que as hortaliças – como a alface americana, que não forma cabeça; as folhas da couve, o brócolis e agrião – são as mais afetadas. Mas a busca por legumes como o chuchu, para sopas, costuma ser grande. Diego acrescenta que a produção não é feita em estufa porque, em dias de inverno, diminui a incidência de luz solar.

Ida à feira ficou para mais tarde

A aposentada Margareth Marquardt, de 67 anos, é cliente assídua da feira há cerca de cinco anos. A ida nas manhãs de quartas e sábados é parte de sua rotina. “Eu moro próximo e prefiro comprar na feira, pela variedade. Além disso, são produtos frescos, colhidos na véspera.”

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Em razão do frio, ela tem ido um pouco mais tarde do que de costume. “Com o passar dos anos, vejo um aumento no movimento. Mas mesmo assim, não importa o horário, tem de tudo ainda, por isso vou tranquilamente mais no fim da manhã.” 

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Margareth diz que na compra semanal não podem faltar os ovos coloniais, mas nesta época os legumes também estão em alta, para as sopas. Outra preferida é a fruta da estação, a bergamota.  
Já Marli Kist, de 75 anos, mantém a rotina de comprar semanalmente frutas e verduras. E nesta época, o pinhão é um dos produtos que passam a fazer parte das compras no local.

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Cliente assídua, Margareth retarda a ida à feira em dias de temperaturas mais baixas
Marli, que mantém a rotina de comprar frutas e verduras, agora acrescentou o pinhão

Geada já prejudica verduras

Produtor de frutas, hortaliças e verduras, Décio José Beckenkamp, 59 anos, de Linha Travessa, também atua em banca da feira do Parque da Oktoberfest nas quartas-feiras e sábados, das 5h45 até as 12 horas. Toda a organização para esses momentos de venda é realizada no dia anterior. Pela manhã, faz o carregamento e monta a banca por volta das 5 horas. Apesar do frio, ele enfatiza que os clientes comparecem da mesma forma.

“Nos últimos três dias a geada foi violenta. Então, logo no início, não se teve grande movimentação, mas do meio da manhã em diante, a circulação de pessoas normaliza.” Entre os itens mais procurados, segundo Décio, que atua em feira desde 1994, estão verduras e legumes para fazer sopas e refogados. “A venda de frutas e folhosas, que são consumidas cruas, cai um pouco.”

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O clima tem castigado o desenvolvimento das plantas. “A chuva intensa nas duas últimas semanas e agora as geadas foram péssimas, pois não deixam as plantas crescerem tão rápido.”

Décio explica que ainda não cultiva em estufa; assim, as culturas acabam ficando ao relento. Segundo ele, as que mais foram impactadas com a geada dos últimos dias são as folhosas, como espinafre, rúcula e alface americana. Já a alface crespa tem se mostrado mais resistente.

Décio lamenta danos no desenvolvimento das hortaliças por causa da geada e da chuva

Proteção contra o frio

Na feira rural, clientes e feirantes manifestaram um pedido: a instalação de uma proteção, como lona ou vidro, na parte de trás das bancas, para amenizar o vento, a chuva e o frio. 

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Uma revitalização do local, incluindo a proteção, está nos planos da Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura, e da Associação Santa-cruzense de Feirantes, que tem discutido o tema. No entanto, a efetivação passa pela disponibilidade de recursos. A possibilidade de busca por emenda parlamentar para realizar melhorias nas feiras da cidade também está entre as opções.

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Vanessa Behling

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Vanessa Behling

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