Santa Cruz do Sul

“Em dez anos, uma das cidades mais importantes do Brasil”, afirma prefeito Sérgio Moraes

Em janeiro deste ano, Sérgio Moraes (PL) assumiu seu terceiro mandato como prefeito de Santa Cruz do Sul. Aos 67 anos, 42 deles dedicados à política – na Câmara de Vereadores, na Prefeitura, na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados –, ele contribuiu ativamente com o processo de desenvolvimento do município. Nesse retorno ao Executivo Municipal, 20 anos depois de ter concluído sua última gestão, em 2004, ele projeta as ações futuras com a experiência de quem mais vezes ocupou o cargo como prefeito no município, desde 1930, quando se iniciou a chamada era dos prefeitos.

Nessa semana, em entrevista exclusiva à Gazeta do Sul, ele falou sobre os 147 anos da emancipação política e administrativa de Santa Cruz do Sul, celebrados neste domingo, 28. Ao destacar os inúmeros diferenciais do município, que reafirmam o potencial e o dinamismo econômico, bem como o perfil acolhedor, ele reiterou seu compromisso com a saúde e a transparência da máquina pública. Além disso, citou os planos para melhoria do modal aéreo e para agilizar os processos de exportação, por meio da futura instalação de um porto seco.

RELEMBRE: Sérgio Moraes é eleito prefeito com 47,13%

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Numa projeção para daqui a uma ou duas décadas, Sérgio Moraes disse visualizar Santa Cruz do Sul como uma das grandes potências do Rio Grande do Sul, estimando-a, ainda, como uma das cidades mais importantes do Brasil.

Entrevista

Sérgio Moraes, prefeito de Santa Cruz do Sul

  • Gazeta do Sul – Como o senhor apresenta Santa Cruz do Sul às comunidades vizinhas?
    Santa Cruz é uma das cidades mais importantes do Rio Grande do Sul, e é a cidade mais bonita do Rio Grande do Sul. E me atrevo a dizer que ela é uma das cidades mais bonitas – e eu conheço, por terra, praticamente toda a América do Sul.
    Digo com certeza: achar uma cidade igual Santa Cruz na beleza, limpeza, organização, na maneira fraterna como o povo age, na educação das pessoas, em tudo, aqui na volta não existe nada nem parecido. Santa Cruz é uma cidade diferente e começa pelo prédio da Prefeitura – não estou falando da administração. Qual é a cidade que tem uma Prefeitura, no centro da praça, uma Prefeitura da beleza do Palacinho, e com a organização que tem aqui? É uma cidade para onde atores de outros estados vêm e dizem que nem os palácios do Estado têm a beleza e status que o nosso Palacinho aqui. Então, é uma cidade totalmente diferente, um povo diferente.
  • O que representa esse marco de 147 anos de emancipação política e administrativa?
    Lá atrás alguém teve essa visão de emancipar. Eu sou emancipacionista. Quando fui deputado estadual, criei 76 municípios novos no Rio Grande do Sul, entre eles Sinimbu, Vale do Sol, Herveiras, Gramado Xavier, enfim, outros tantos. Alguém, há 147 anos, viu a necessidade de transformar isso aqui em um município potente, porque, se ficássemos ainda atrelados ao município de Rio Pardo, estaríamos, talvez, não com esse crescimento que hoje temos. Então, essa emancipação foi de fato muito inteligente. Creio que, na época, muito bem pensada. Por isso, hoje somos a potência que somos.
  • Santa Cruz do Sul é privilegiada por sua localização estratégica. Na sua avaliação, quais serão os principais benefícios trazidos pela duplicação da RSC-287, cujas obras foram concluídas em pontos de acesso ao município?
    A duplicação da RSC-287, assim como a de outras rodovias – não só do Rio Grande do Sul, mas do Brasil – está totalmente atrasada. Países muito menores do que o nosso já têm essas duplicações realizadas. Perdemos muito tempo com projetos apegados em meio ambiente, apegados em coisas que não permitiam o crescimento do nosso Estado e do País, sem falar em recursos nossos que foram aplicados em outros países.
    Eu rodei em uma estrada da Bolívia, uma estrada linda, diferente, uma das mais bonitas que já vi. Sabe quem pagou? O Brasil. Lá no Peru, tem estradas fantásticas, duplicadas. Sabe quem pagou? O Brasil. Quer dizer, nós fomos investindo o dinheiro do Brasil fora e deixando que as nossas estradas ficassem para trás. Agora, os governos estão terceirizando, dando uma concessão através de pedágio. Ou seja, estradas lá fora foram pagas com nosso dinheiro e as nossas estradas, o povo vai ter que pagar de novo. Mas isso são pontos de vista administrativos, de alguns governos que passaram pelo Brasil, e que nós temos que superar, aprender com isso e fazer então um País melhor.
  • E quanto aos benefícios trazidos pela duplicação?
    A agilidade que teremos com essa ligação. Também vai trazer indústrias, acredito que vai melhorar a qualidade de ensino porque outras universidades já estão falando em vir para Santa Cruz. Vai melhorar a qualidade da saúde, porque a rede hospitalar terá que se preparar com o fato de o acesso para outras especialidades ficar mais fácil. As indústrias precisam dessa ligação com Porto Alegre e isso facilitará, porque Porto Alegre está congestionada – e falo na grande Porto Alegre, que acaba não tendo mais espaço. Então, se olharmos o Vale do Taquari, vamos pegar áreas que foram alagadas. E essas pessoas estão migrando naturalmente para Santa Cruz e região. Não só Santa Cruz, como também Vera Cruz e outros municípios. Acredito que a duplicação vai facilitar bastante, vai proporcionar às pessoas que possam investir muito mais aqui em Santa Cruz.
  • E no modal aéreo, quais são os planos? É possível melhorar ou ampliar o atual local do aeroporto Luiz Beck da Silva?
    O aeroporto, que na verdade é um pequeno aeroclube, não tem mais para onde crescer e já está dentro dos bairros de Santa Cruz, numa localidade que tem muito nevoeiro. Enfim, não proporciona a facilidade de aterrissagens e decolagens. Já estamos falando com o pessoal do aeroclube para que possamos fazer um aeroporto novo, em outra parte do município – principalmente para cargas –, um aeroporto para grandes aviões. Vendendo aquela área, é possível, com esse dinheiro, comprar uma área um pouco mais distante e preparada para receber voos de transporte, pois o avião comercial precisa estar a mais de 150 quilômetros de um raio do aeroporto Salgado Filho, ou de qualquer outro aeroporto.
    Como estamos a 124, 125 quilômetros desse raio, a princípio, não poderíamos carregar passageiros. Mas essa regra logo pode mudar e, assim como ocorreu no período das enchentes e outros, o aeroporto seria muito bem-vindo. Pensamos que o porto seco, que estamos trabalhando junto à Receita Federal, precisa ser atrelado ao novo aeroporto. Acredito que as cargas do que produzimos aqui na região podem iniciar já através desse novo aeroporto.
  • Há, portanto, espaço e demanda para um porto seco em Santa Cruz, que poderá simplificar e agilizar os processos de importação e exportação. Tem tratativa concreta nesse sentido?
    Tem. A própria Receita Federal tem feito reuniões com a administração municipal, no sentido de acelerar esse processo. Já está sendo montado, através da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), um estudo para ver como organizar esse porto seco. Hoje, a Receita entende que ter aqui um porto seco, para que as coisas já possam sair com o lacre daqui, ou seja, prontas para exportação, facilitaria muito para eles, mas muito mais para nós, que somos os exportadores. Quer dizer, daria uma receita excelente para o nosso município.
  • E tem o local definido para isso, prefeito?
    Quando falo em aeroporto e em porto seco, sempre penso naquela região de São José da Reserva e Reserva dos Kroth. Para o porto seco, existem áreas fáceis de se conseguir. O problema é para o aeroporto, que precisa ser três quilômetros de extensão, em uma área de aproximadamente 110, 120 hectares e onde os ventos sejam favoráveis, porque não se pode fazer aeroporto onde se quer, tem que ser de acordo com os ventos, para garantir segurança em decolagem e aterrissagem.
    Agora, estamos buscando uma empresa que se proponha a fazer um estudo, com recebimento posterior – ou seja, o dia em que a Prefeitura fizer esse aeroporto, através desse estudo, essa empresa recebe. Caso a iniciativa privada resolva fazer, também receberá por esse estudo da localidade. Mas estamos bem apertados, pois logo ali no antigo pedágio que vai a Rio Pardo, já começa a divisa de Rio Pardo. Então, não é tão fácil de se arrumar essa área.
  • Em áreas essenciais, como a Saúde, o que tem sido priorizado? No seu plano de governo, o senhor apresentou o projeto do Centro Integrado de Bem-Estar de Saúde (Cibs). Houve avanços nesse sentido e como isso impactará a resolução dos problemas atuais, como as filas para cirurgias?
    Hoje a União põe muito dinheiro na saúde, o município põe muito dinheiro na saúde e o Estado põe uma migalhazinha na saúde. Mas quem regula é o Estado. Veja bem: quem entra com pouco dinheiro é quem “manda na festa”, e isso tem que acabar. Nós queremos ter o direito de a Prefeitura poder decidir. Temos hoje uma fila de cirurgias de fêmur, de joelho e outros, que chega a ter a previsão para 11 anos, regulado pelo Estado. Precisamos achar um jeito e estou tentando isso junto com o governador, junto com a secretária Arita, com o nosso grupo, para evitar que essas pessoas fiquem tanto tempo aguardando por uma cirurgia.
    Na média complexidade, com o pacto que fizemos aqui com os hospitais e a saúde municipal, já estão fazendo as cirurgias para tirar as pessoas da fila. Então, acredito que o governo do Estado teria que priorizar em atender essas pessoas. Elas têm, em média, 70 anos. Como que vão ficar 11 anos esperando? Não tem mais tempo. Precisa ser urgente e nós vamos revolucionar também nessa parte. Para o Cibs, o deputado Marcelo Moraes já conseguiu R$ 10 milhões para implantação. Estamos com o estudo bem avançado, mas ainda depende da localização. Estamos vendo se vamos construir um prédio ou fazer uma licitação – para que quem ofereça o atendimento possa ser o mesmo que ofereça o prédio. O atendimento de que eu falo é dos equipamentos, máquinas para raio-x, ecografia, enfim, todas as modernidades que tem hoje aí. Isso precisa estar dentro do Cibs, então estamos estudando qual a maneira mais fácil para que isso aconteça e contemple a população o mais rápido possível.
  • No Desenvolvimento Econômico, Santa Cruz é a quinta cidade mais competitiva do Estado, se mantém como o segundo município que mais gera empregos. Neste ano, pela primeira vez, ingressou na lista de cidades brasileiras com maior número de cervejarias. Quais as novidades para esse setor e de que forma isso poderá impulsionar ainda mais a economia local?
    O Vale Cervejeiro foi uma invenção do deputado Marcelo Moraes, que vem há tempo trabalhando com os cervejeiros. Agora, quando colocamos as cervejarias locais dentro da Oktoberfest, já damos o primeiro passo. O segundo passo é criar um fato que ligue a colonização alemã, que possa juntar os costumes germânicos com o Vale Cervejeiro. Isso nós estamos fazendo, já estamos trabalhando.
    Recentemente, mostramos um pré-projeto do que seria aqui no Centro e o que vai acontecer depois, no interior. Então, acredito que está bem avançado, os cervejeiros estão bem animados, e eu acredito que em breve teremos já como dar esse segundo passo.
  • Centro administrativo municipal x pagamento de aluguel para sediar a estrutura de secretarias e demais serviços públicos. Como está essa questão e qual a previsão de conclusão do centro administrativo?
    O centro administrativo iniciou-se no governo da prefeita Kelly Moraes, que fez os primeiros pisos ali, as primeiras lajes. Depois, o governo que sucedeu entendeu que não era necessário e tentou repassar para a Assemp e outros, mas foi interpretado como desperdício de dinheiro público. Então, com isso, tiveram que retomar. O mundo dá voltas e aquele prédio, que foi jogado e abandonado, sendo dito que não era necessário, agora se comprova que é, porque os aluguéis são muito caros.
    A obra está em fase final e creio que até o fim do ano estará concluída. Com isso, vamos levar toda a administração para esse prédio, fazendo com que a economia em aluguéis continue. Veja bem: tínhamos um prédio alugado por R$ 107 mil por mês, e o mesmo serviço hoje nós estamos gastando R$ 18 mil e o outro, R$ 17 mil. Agora não chega a R$ 40 mil, portanto, um prédio que prestava esse serviço por R$ 107 mil. Quer dizer, era a farra dos aluguéis em Santa Cruz. Estamos cortando tudo isso. Quando chegar o centro administrativo, vai cair muito mais e a economia será do município.
  • Como o senhor vê a Santa Cruz da época em que esteve no comando do Executivo, de quando esteve fora do comando e como vê agora, no seu retorno ao comando da Prefeitura?
    Na verdade, Santa Cruz não mudou muito. Continua uma cidade muito solidária, um povo muito educado, ainda pode-se falar em boa segurança, ainda pode-se falar em uma cidade que serve aos visitantes de maneira exemplar. Temos uma rede hoteleira fantástica, restaurantes, temos um comércio impressionante, temos aqui uma rede de medicina, de hospitais, muito boa. Santa Cruz não mudou muito; o que mudou foi, talvez, a velocidade com que as coisas estejam acontecendo.
    Antes era mais demorado. Cada administração, graças à tecnologia, vem melhorando e avançando nisso. Talvez tenha iniciado um pouco antes de mim, eu acelerei o tempo que pude. Os prefeitos que vêm, vêm cada um acelerando. E logo, logo nós queremos fazer com que Santa Cruz seja uma cidade, uma administração inteligente. Não precisamos, no futuro, que alguém ligue para cá para nos contar que tem um buraco. Nós temos que ter um sistema que vai nos avisar. Precisamos ter um sistema para que não precise mais alguém avisar que queimou a lâmpada. Precisamos ter algo, uma inteligência, que nos avise que queimou a lâmpada. Então nós precisamos, e digo isso em todos os setores, que tudo seja muito mais eficiente para nossos contribuintes.
  • Como principal mandatário do município, o que o senhor visualiza para Santa Cruz do Sul para daqui 10 ou 20 anos?
    Daqui a dez, 15 anos, seremos uma das grandes potências do Rio Grande do Sul. Seremos por vários motivos. Um deles é a duplicação da RSC-287. Outro é o fato de as enchentes terem prejudicado muitos municípios na volta. Então, Santa Cruz se apresenta como uma opção para quem foi atingido. Há indústrias que perderam tudo, onde foi tudo água abaixo, literalmente, e agora estão buscando aqui em Santa Cruz um espaço para colocar suas empresas. O fato de estarmos no centro do Estado facilita muito, de ter ligação asfáltica para todos os lados. Então, Santa Cruz, daqui a dez anos, será uma grande cidade, talvez uma das mais importantes do Brasil.

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Cláudia Priebe

Cláudia Priebe é natural de Candelária (RS). Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) desde 2005, onde também concluiu especialização MBA em Agronegócios, em 2008, começou a atuar na área ainda em 2002. Sua primeira experiência foi no meio impresso, no Jornal de Candelária, local em que, por mais de dois anos, desenvolveu atividades como repórter, fotógrafa e revisora. Entre 2005 e 2008 atuou no grupo das Rádios Sobradinho AM 1110 e Jacuí FM 97,3, em Sobradinho (RS). Nesse período desenvolveu atividades como redatora, repórter de rua, locutora e produtora de programas jornalísticos, além de fazer apresentações de eventos promovidos pelas duas emissoras. Em 2008 retornou para o meio impresso, desta vez para o jornalismo especializado, e atuou como jornalista freelancer da Editora Gazeta, da Gazeta Grupo de Comunicações. De 2009 a 2015 integrou a equipe da Folha de Candelária, também em Candelária, tendo acumulado as funções de repórter, fotógrafa, revisora e subeditora nos três primeiros anos e a edição geral, coordenando uma equipe de outros quatro repórteres, nos três anos finais. Nesse mesmo período prestou serviços para a Cassol Publicidade e Propaganda, de Candelária, na redação semanal das sessões da Câmara de Vereadores de Candelária. Entre os anos de 2015 a 2023 atuou como assessora de imprensa do Sindicato dos Empregados no Comércio de Santa Cruz do Sul, sendo responsável pela comunicação interna e externa da entidade, bem como pela produção e edição de materiais gráficos diversos. Em 2023 retornou para a Gazeta Grupo de Comunicações, onde atualmente se dedica à produção e edição de conteúdo para os cadernos especiais do jornal Gazeta do Sul e de conteúdos patrocinados para o Portal Gaz, atendendo clientes de segmentos como comércio, indústria e prestação de serviços. Eventualmente, atua, também, como revisora do jornal.

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