Representantes das principais entidades ligadas ao tabaco reforçaram os pedidos de apoio e defesa junto ao governo federal
Representantes da cadeia produtiva do tabaco tiveram duas audiências com autoridades do governo federal para tratar da participação brasileira na 11ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (COP-11), prevista para acontecer em novembro em Genebra, e reafirmar a relevância econômica e social do setor no Brasil. Os encontros, realizados em Brasília, foram articulados com o apoio do deputado federal Heitor Schuch.
A primeira audiência ocorreu no final da manhã dessa quarta-feira, 22, na sede do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), com o ministro Paulo Teixeira. Estiveram presentes representantes da Associação Brasileira da Indústria do Fumo (Abifumo), Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Associação dos Municípios Produtores de Tabaco (Amprotabaco) e Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Sindicato da Indústria do Tabaco do Estado da Bahia e Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco.
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Paulo Teixeira reconheceu a importância econômica do tabaco, especialmente para os pequenos produtores familiares, que respondem por grande parte da produção nacional. “Temos consciência de que 90% do tabaco produzido no Brasil é exportado e que a maior parte dos produtores envolvidos são agricultores familiares. Nosso papel é garantir alternativas para quem deseja diversificar a produção, sem adotar uma política de proibição”, afirmou.
O ministro lembrou do episódio ocorrido na COP-10, quando foi necessário corrigir declarações desalinhadas com a posição do MDA. “No Panamá, atuamos para o equilíbrio das discussões. Consertamos a fala inicial de um diplomata que foi influenciado por um setor do governo. Precisamos alcançar um ponto médio do pensamento, que aproxima as diferentes posições entre saúde e impacto social e econômico.” Ele enfatizou que o MDA manterá a mesma postura durante a COP-11 e enviará representante para acompanhar as discussões em Genebra.
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O presidente do SindiTabaco, Valmor Thesing reforçou a importância de manter um diálogo aberto com o setor. “Respeitamos o debate sobre a saúde, mas é importante ouvir a cadeia produtiva do tabaco, até porque teremos, em 2057, segundo dados da OMS/ONU, mais de 1,4 bilhão de fumantes e será necessária a matéria-prima para suprir essa demanda”, afirmou.
Ele ainda salientou o fato de o Brasil ser há mais de 30 anos o maior exportador mundial. “No entanto, o que temos visto é um aumento considerável de volumes produzidos por países concorrentes, especialmente na África e Ásia. Essa discussão ideológica afasta investimentos que poderiam beneficiar os brasileiros”, ponderou Thesing.
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Na parte da tarde, a comitiva participou de uma segunda audiência no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), com a diretora do Departamento de Negociações Internacionais da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/DEINT), Ana Cláudia Takatsu, e o coordenador-geral de Regimes de Origem, Thalis Figueiredo. A pauta também girou em torno da COP-11 e da necessidade de o governo considerar a relevância estratégica da cadeia do tabaco para a economia, especialmente quanto ao comércio internacional.
Os representantes destacaram a importância de preservar o espaço do Brasil como referência mundial na produção e exportação, além de reiterar a contribuição do tabaco na geração de emprego e renda. “Aqui no MDIC procuramos ter uma posição que contempla a participação do setor produtivo. Vamos examinar com cuidado os pedidos para entender qual é a posição que está sendo construída pelo governo, para que nela esteja contemplado o interesse da cadeia produtiva. Nos comprometemos em fazer essa ponte e apoiar uma posição que seja colaborativa”, disse a diretora.
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Em ambos os encontros, um ofício foi entregue solicitando maior proteção à cadeia produtiva do tabaco, em especial frente às negociações internacionais e possíveis medidas que possam comprometer o futuro da atividade no País. O documento destaca, de forma especial, a preocupação em torno do artigo 18, que trata sobre “proteção do meio ambiente e da saúde das pessoas, no que diz respeito ao cultivo do tabaco e à fabricação de produtos de tabaco, em seus respectivos territórios”.
O relatório do Secretariado à COP-11 lista opções como proibir cigarros com filtro, taxas para limpeza de bitucas, depósito e reembolso para filtros de consumo, classificar bitucas como resíduo perigoso, regulamentação ambiental e novas obrigações de reporte.
“Se a proibição de filtros vier a ser apoiada no Brasil e aprovada na COP-11 (e, na sequência, internalizada pelas Partes), o efeito será global – pois o cigarro com filtro é o formato predominante do produto no mercado mundial. Não se trata de obsolescência de máquinas, mas da extinção do principal formato que hoje dá sentido a toda a cadeia produtiva, com impacto direto em outros setores (insumos, processamento, embalagens, logística), e fundamenta a liderança exportadora do Brasil”, reforça o documento.
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Ainda segundo o texto, o impacto para o Brasil seria imediato: sem o produto tal como hoje é demandado no mundo, a cadeia produtiva deixa de existir nos moldes atuais com prejuízos a 525 municípios do Sul, mais de 138 mil famílias no campo e 44 mil empregos nas indústrias. “Não se trata de negar a agenda ambiental. Defendemos que ela avance no foro correto, com evidência, análise de impacto e transição realista – sem eliminar o principal formato do produto e, assim, penalizar e até desarticular uma cadeia que é estratégica para a competitividade industrial exportadora do País”, reflete o documento assinado pelas entidades participantes.
“Caso nada seja feito, corre-se o risco de desmonte da produção brasileira e, na prática, de criar uma reserva de mercado para produtores ilegais que já não observam os marcos regulatórios do País – como se vê pelo aumento, ano a ano, do número de consumidores de vapes, embora proibidos – e que continuará, mesmo que esse ponto venha a ser aprovado, a produzir cigarros com filtros, com plástico de uso único, acentuando a concorrência desleal em um mercado em que, a cada 10 cigarros, quatro são de origem ilícita (38%)”, conclui o documento.
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