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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Futebol amador

Por muito tempo, o futebol era uma das mais importantes possibilidades de diversão no interior. Após uma semana de trabalho duro, em geral na lavoura, jogar futebol ou assistir a uma partida, reunir-se com os amigos, namorar, tomar uma gasosa, tudo somado resultava na felicidade possível. Além do futebol, uma eventual quermesse, algum baile, normalmente de difícil acesso por falta de transporte ou de liberação dos pais.

Joguei futebol na várzea. Meu time era a SEBE – Sociedade Esportiva Boa Esperança –, interior de Cruzeiro do Sul. Voltando o olhar sobre esse tempo, temos o retrato de uma época e percebemos também as grandes transformações que o tempo provocou e promoveu.

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Já morando em Santa Cruz do Sul, aos domingos ia de ônibus até Venâncio Aires, de lá, também de ônibus, me deslocava até Mato Leitão. Dali, até a casa dos meus pais, me dirigia a pé, por seis quilômetros aproximadamente, almoçava e, depois, subindo num caminhão, rumávamos aos locais das partidas. Dependendo da distância, por vezes se ficava longo tempo de pé para em seguida entrar em campo para os duros embates do esporte bretão.

Ao olharmos sob o ponto de vista presente, é incompreensível como uma delegação, num caminhão lotado, trafegava por estradas ruins, perigosas, quase intransitáveis, até chegar ao seu destino. Quando algum time vinha de ônibus, também em geral uns cacos, olhávamos admirados para esse luxo, essa esnobação de poderio e superioridade. É preciso lembrar que também de caminhão se ia aos bailes, aos enterros, aos casamentos, às festas. Era o que se tinha.

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Alguns fatores contribuíram para alterar profundamente o quadro. Com a diminuição de jovens no interior, clubes com mais recursos ou mecenas abnegados começaram a importar jogadores, mediante remuneração. Estabeleceu-se, aos poucos, um clima desconfortável e os jogadores locais se desmotivaram. As equipes, reforçadas, facilmente batiam as menos aquinhoadas, o que contribuiu para que estas encerrassem suas atividades. Dezenas de outros interesses atraíram os jovens, ficando o futebol em plano bem inferior. Acredito que atualmente vários times do interior sequer contem com um jogador local. O assunto é amplo e permite várias outras considerações.

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