Gisele Severo

A ansiedade pode ser benéfica em sua vida

Vivemos tempos em que o relógio dita o ritmo e o mundo parece sempre pedir mais: mais produtividade, mais respostas, mais velocidade. No entanto, por trás dessa pressa, cresce silenciosamente uma das maiores queixas da atualidade – a ansiedade. Ela se tornou uma espécie de companheira constante, um estado de alerta que raramente se desliga, mesmo quando o corpo tenta descansar.

A ansiedade, em sua forma natural, é uma emoção importante. Ela nos prepara para agir diante de desafios, nos impulsiona a planejar e nos protege de perigos. O problema surge quando esse mecanismo, que deveria ser passageiro, se instala de forma permanente. O coração acelera, o pensamento dispara, o sono se torna leve, e a vida vai sendo vivida no modo “antecipação”, como se o futuro exigisse respostas que ainda não existem.

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Na prática clínica, a ansiedade costuma se apresentar de maneiras sutis – um aperto no peito sem explicação, a sensação de que algo ruim está prestes a acontecer, o medo de falhar, ou a dificuldade de simplesmente estar presente. Em muitos casos, ela não se manifesta em crises intensas, mas no desgaste contínuo de quem está sempre tentando controlar o que não pode ser controlado.

Vivemos em uma cultura que valoriza o desempenho e o imediatismo. As redes sociais amplificam essa lógica, exibindo vidas editadas que reforçam a comparação e a autocrítica. Nesse cenário, a mente ansiosa encontra terreno fértil. A cada notificação, a cada expectativa de resposta, o cérebro entende que precisa estar em alerta. É um ciclo silencioso, que se alimenta de excesso de estímulos e escassez de pausas.

Cuidar da ansiedade não é “eliminá-la”, mas reconhecer o que ela quer comunicar. Em muitos casos, ela sinaliza um desencontro entre o que vivemos e o que sentimos. É o corpo pedindo descanso, o coração pedindo presença, a mente pedindo pausa. A psicoterapia tem papel fundamental nesse processo, pois oferece um espaço seguro para compreender as causas, identificar padrões e ressignificar medos.

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Estratégias de autocuidado também podem ajudar: respirar conscientemente, manter contato com a natureza, estabelecer limites, cultivar relações reais e desacelerar o pensamento. São atitudes simples, mas poderosas. Elas nos devolvem o direito de viver o tempo no seu ritmo natural – o tempo de sentir, de processar, de ser.

A ansiedade não é sinal de fraqueza; é um pedido de atenção. Um chamado para que possamos nos reencontrar com o essencial. Às vezes, o que mais precisamos não é correr atrás de respostas, mas aceitar o silêncio que antecede a clareza.

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Cuidar da saúde mental é cuidar da vida em sua inteireza. É compreender que o equilíbrio não se encontra na ausência de turbulência, mas na capacidade de permanecer consigo mesmo – mesmo quando o mundo parece apressado demais.

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Karoline Rosa

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