Imagine poupar parte do salário todos os meses, juntar as economias em família e, depois de anos, conseguir negociar a construção de uma casa própria. Para muitas famílias, aquilo que parecia um sonho se transformou em pesadelo após terem milhares de reais pagos por uma obra que simplesmente nunca aconteceu, ou mesmo foi iniciada, mas já está parada sem previsão de retorno dos trabalhos, sem nem o reboco nas paredes.
O golpe da casa própria, que consiste em vender imóveis, cobrar adiantado e não entregar a obra, está fazendo vítimas em Santa Cruz do Sul. Embora existam empresas sérias nesse ramo da construção civil no município, a Polícia Civil vem investigando, ao longo dos últimos meses, a conduta de uma construtora em específico, da Zona Sul da cidade, que é suspeita de aplicar golpes em clientes.
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Na maioria dos casos, as pessoas efetuam o pagamento e o estabelecimento se propõe a assumir todas as responsabilidades pela construção da obra, tais como contratar os pedreiros e adquirir material, entregando ao fim a moradia finalizada ao proprietário. A quitação do imóvel, geralmente, é efetuada com uma entrada na metade do valor e o restante em parcelas.
Foi dessa forma que uma mulher de 33 anos viu a oportunidade de construir um imóvel para seus pais. “Começamos a conversar em junho de 2020. Em julho foi assinado o contrato de prestação de serviço de um imóvel, no total de R$ 66.460,00. Demos a metade do valor e o restante seria pago com seis cheques. Foi dado o prazo para iniciar a obra ainda em julho, mas aí iniciaram os problemas”, disse a mulher, que prefere manter seu nome em sigilo, com medo de represálias.
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Segundo ela, uma pendência no terreno onde seria construída a obra foi colocada como justificativa para a prorrogação do prazo de início. “Cerca de um mês depois, resolvemos essa questão e pedimos o início. Mas o proprietário da empresa disse que estava difícil de conseguir material e mão de obra, por causa da pandemia do coronavírus. Em novembro, fomos pessoalmente ao escritório, e ele nos disse que não conseguiria começar naquele ano, em virtude dessas justificativas já dadas, sobretudo pela falta de pessoal, pois tinha outras construções em andamento”, contou.
Enquanto os meses iam passando, os cheques foram compensados. Até hoje, nenhum tijolo foi colocado no terreno pela empresa, que recebeu todo o valor da família. “Chegamos a dizer que iríamos sustar os cheques restantes, mas ele disse que se fizéssemos teria que reajustar o valor, pois os materiais tinham aumentado de preço. Procuramos um advogado para entrar com uma ação e registramos o caso na Polícia Civil. Diante disso, conhecemos outras pessoas que foram vítimas do mesmo golpe”, revelou a mulher.