ads1
GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

História, natureza e lazer lado a lado no Centro de Santa Cruz

Praça da Bandeira tem 148 anos e até hoje pulsa verde e vida no Centro. Entre seus monumentos históricos estão o Castelinho, o Monumento da Independência e a Gruta da Coquinha

A Praça da Bandeira é um dos espaços públicos mais frequentados por famílias, amigos e turistas no Centro de Santa Cruz do Sul. Localizada no quarteirão formado pelas ruas Marechal Floriano, 7 de Setembro, Tenente Coronel Brito e Borges de Medeiros, é um recanto arborizado que preserva uma parte importante da história do município, como o prédio do Palacinho, a Gruta da Coquinha e o Monumento da Liberdade. O lugar, rodeado por muito verde, também tem pracinha de brinquedos para as crianças e um gramado que convida para um piquenique, uma roda de chimarrão ou simplesmente um passeio contemplativo. Chamado carinhosamente de Praça do Palacinho, é o segundo local a ser retratada pela Gazeta do Sul no panorama sobre as praças da cidade.

Em 1900, a então Praça do Carvalho foi cercada com grades

Desde 1872 nos braços de Santa Cruz do Sul

Publicidade

Ao contrário da Praça Getúlio Vargas, a Praça da Bandeira não constava na divisão das primeiras 25 quadras do Centro. A segunda praça prevista ficava no quarteirão formado pelas ruas Tenente Coronel Brito, Júlio de Castilhos, Ramiro Barcelos e Venâncio Aires. Era chamada de Praça Dona Tereza, em homenagem à imperatriz Tereza Cristina, esposa do imperador D. Pedro II. Em 1872, os dirigentes da Colônia de Santa Cruz decidiram trocar a área por outro espaço, o quarteirão formado pelas atuais ruas Marechal Floriano, Tenente Coronel Brito, Borges de Medeiros e 7 de Setembro.

Publicidade

O novo logradouro foi batizado de Praça Simões Lopes. Conforme a coluna Memória, do jornalista José Augusto Borowsky, a área da Dona Tereza foi loteada porque era considerada muito próxima da atual Praça Getúlio Vargas. A Simões Lopes, por algum tempo, era só campo e mato. Em janeiro de 1880, seu nome foi trocado para Praça do Carvalho. Por volta de 1900, após mais de dez anos da conclusão do atual prédio do Palacinho, a área foi cercada com grade – o principal acesso ficava na Rua Marechal Floriano, enquanto os demais portões situavam-se em cada esquina e no meio das quadras.

LEIA TAMBÉM: Um chafariz no coração de Santa Cruz do Sul

Publicidade

As grades ao redor da praça foram eliminadas em 1922, mesmo ano em que foi lançada a pedra fundamental do Monumento da Liberdade. No jornal Kolonie, o intendente Gaspar Bartholomay informou que, “em virtude da proibição de vagarem soltos animais vacuns e cavalares”, seriam retiradas as cercas das praças. Em 10 de dezembro de 1938, por ato administrativo, o espaço recebeu oficialmente o nome de Praça da Bandeira, que o identifica até hoje.

Publicidade

Prédio do Palacinho foi entregue para a comunidade em 1889

De Câmara Municipal a sede da Prefeitura

O prédio do Palacinho certamente é o grande marco da Praça da Bandeira. A edificação principal da Prefeitura foi construída em estilo neoclássico, lembrando as formas dos templos gregos, com o objetivo de ser a sede da Câmara, que na época era um órgão legislativo e executivo. A partir da ideia dos moradores da Vila de São João de Santa Cruz, as obras tiveram início em 1886. Com projeto do engenheiro Frederico Bartholomay e execução da construtora Heinrich, Schütz e Gressel, os trabalhos foram concluídos em 1889, na então Praça do Carvalho.

Publicidade

Atualmente, o Palacinho abriga o Gabinete do Prefeito; a Secretaria Municipal de Comunicação; a Ouvidoria; a Central de Libras; o setor de licitações; o Departamento de Patrimônio e a Comissão de Sindicância. Mediante agendamento pelo telefone (51) 3713 8213, é possível fazer visitações ao prédio. Algumas escolas costumam levar seus alunos para conhecer a estrutura e funcionamento do Poder Executivo. O prefeito Telmo Kirst lembra que a praça guarda boa parte da história local.

Publicidade

Além de ter recebido a Câmara de Vereadores, onde foram tomadas decisões importantes, o chefe do Executivo considera que o Palacinho é um prédio simbólico para a comunidade. “É um verdadeiro monumento e motivo de orgulho para os santa-cruzenses, que nutrem afeição toda especial por ele. Não tenho dúvidas que esse é um dos melhores lugares de Santa Cruz e que, assim como viver aqui é bom demais, trabalhar aqui também é”, declara Kirst.

Centenário da Independência do Brasil é lembrado por monumento de 1922

Monumento homenageia a Independência

Publicidade

Publicidade

O arquiteto e professor Ronaldo Wink conta que a pedra fundamental do Monumento da Liberdade foi lançada em 7 de setembro de 1922 e entregue à população em 7 de setembro de 1924. A obra é de autoria de Giuseppe Gaudenzi, artista italiano do Atelier de Escultura e Galvanoplastia de João Vicente Friederich, de Porto Alegre. Em setembro de 2018, a Prefeitura instalou uma moldura de metal com os dizeres “Eu amo Santa Cruz”, bem próximo do monumento. A Praça da Bandeira também conta com um mastro, onde está hasteada a bandeira do Brasil, e um busto do Rotary Club, de 1966, em homenagem ao professor André Klarmann – ele foi diretor do Colégio Mauá e era muito conceituado na cidade.

Gruta de pedra homenageia a ex-primeira-dama Maria Cândida Menezes Costa

GRUTA DA COQUINHA

Um gruta de pedras com água corrente brinda os visitantes da Praça da Bandeira desde o século passado. A coluna Memória, do jornalista José Augusto Borowsky, relata que a edificação foi uma iniciativa do intendente Galvão Costa, que administrou a cidade em três ocasiões: de 1894 a 1898, de 1904 a 1908 e de 1913 a 1916. O monumento foi edificado em seu último governo e homenageia sua esposa, a primeira-dama Maria Cândida Menezes Costa, conhecida por dona Coquinha. A obra foi oficialmente entregue à comunidade santa-cruzense em 1915 e é preservada até o dias atuais.

Publicidade

Ronald, Anthony e Roselaine são de Vera Cruz e viajam para curtir a praça

Um recanto para todos os visitantes

Diariamente a Praça da Bandeira é frequentada por grupos de famílias e amigos em busca de entretenimento e lazer, mas é nos sábados e domingos que ganha ainda mais visitantes. Localizada em uma área privilegiada de Santa Cruz do Sul, ela já se tornou um recanto para quem busca conversar, brincar ou apenas descansar. O comerciante Omero do Carmo Müller, de 46 anos, faz questão de ir com a família aproveitar o gramado e as sombras do espaço todo fim de semana.

Sempre na companhia da esposa Carla Ferreira e da filha Kimberlyn Müller, o morador do Bairro Bom Jesus conta que as visitas à Praça da Bandeira são momentos de integração e bate-papo. “Trazemos pipoca, chimarrão e curtimos toda a beleza da praça”, conta. Além disso, ele destaca a sensação de segurança e toda a infraestrutura que ele encontra no ambiente. “Acredito que os administradores poderiam apenas deixar os banheiros públicos abertos durante mais horários”, sugere.

LEIA TAMBÉM: Adoção de praças permite que a comunidade se envolva com os espaços em Santa Cruz

Visitantes de toda a região também são frequentadores assíduos da Praça do Palacinho. O analista de sistemas Ronald Paul, de 35 anos, e a auxiliar administrativa Roselaine Winck, de 39, seguidamente costumam levar o filho Anthony, de 4 anos, para aproveitar a pracinha de brinquedos. Moradores de Vera Cruz, viajam até a cidade vizinha em busca de sombra para deixar a brincadeira mais agradável. “Nosso filho não brinca no sol, e ainda tem a segurança de os brinquedos serem cercados”, comenta o pai.

Espaço repleto de verde e atrações culturais

A Praça da Bandeira é um convite para estreitar os laços com a natureza. Localizada bem no Centro, é repleta de muito verde e preserva árvores de diversas espécies. Levantamento da Secretaria de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade aponta que são 317 de 73 espécies, nativas e exóticas – muitas delas oferecem alimentos para pássaros e outros animais

Nas calçadas ao redor da praça estão plantadas outras 74 árvores. Todo corte e plantio de novas árvores precisa ser solicitado na recepção da Secretaria do Meio Ambiente. Além disso, é necessário ter a aprovação do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Sul (Iphae), já que o patrimônio é tombado.

De acordo com o secretário de Cultura, Edemilson Severo, na área sociocultural a praça também é um símbolo para a comunidade. “Nela são realizadas inúmeras manifestações e ações culturais. O santa-cruzense, historicamente, cultua hábitos de convivência com a natureza. E isso é reforçado pela sistemática ocupação dos espaços públicos, principalmente verificada nas nossas praças. É tradição da nossa comunidade buscar a ocupação de espaços, principalmente ao ar livre, pela sensação de liberdade e pelo convívio com amigos”, declara.

CUIDAR DO PATRIMÔNIO É PRIORIDADE

O secretário de Transportes, Serviços e Mobilidade Urbana, Leandro Kroth, ressalta que as praças de Santa Cruz do Sul, de modo geral, recebem manutenção e conservação frequentes, principalmente as que estão no Centro. Na Praça da Bandeira, a pasta é responsável pelo corte de grama, troca de lâmpadas, limpeza dos sanitários públicos e cuidados com a água da Gruta da Coquinha. “Temos um funcionário que fica permanentemente na praça para ajudar na conservação”, conta.

Kroth adianta que ainda este ano o prédio do Palacinho passará por uma reforma externa. A revitalização contempla pintura externa, que deve manter as cores originais do prédio, em tons de bege e branco, com a base mais escura e o restante mais claro. Ainda será feita reconstituição das partes danificadas das paredes externas, consertos nas esquadrias e limpeza do telhado. A empresa que vai executar os trabalhos é a Etecon Serviços Técnicos Ltda., de Santa Cruz do Sul.

Kroth ressalta que a Praça da Bandeira é tombada pelo Patrimônio Histórico do Município, assim como o prédio do Palacinho. Desde que a lei foi sancionada, ficou proibida a construção de obras com mais de quatro pavimentos nas quadras das ruas ao redor: Marechal Floriano, Borges de Medeiros, Tenente Coronel Brito e 7 de Setembro. A regra também estabelece que todas as intervenções na praça, como plantio e extração de árvores, por exemplo, precisam passar por análise prévia para que sejam autorizadas ou não.

Publicidade

© 2021 Gazeta