Países complexos, com dimensões continentais, populosos e heterogêneos não podem ser resumidos em algumas frases ou mesmo páginas, sob risco de incorrer em generalizações sem sentido. China, Índia, Estados Unidos, Rússia e Brasil são exemplos típicos. Nesses casos, é melhor concentrar-se em regiões e povos inseridos nesses oceanos de diversidade.
A Indonésia é também um desses países. Seus 250 milhões de habitantes, a maior população islâmica do planeta, são distribuídos de maneira não uniforme no maior arquipélago do mundo, com mais de 17 mil ilhas.
Jogjacarta é a menor província da Indonésia, e a única ainda hoje governada por um pequeno sultanato, status concedido como agradecimento à monarquia local pelo apoio oferecido durante a Guerra da Independência, no final dos anos 40.
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Após dias intensos de trabalho na caótica capital Jacarta, foi um alívio aterrissar nesta tranquila e histórica região central da Ilha de Java, turisticamente ofuscada pela popular costa oriental javanesa e pela vizinha Ilha de Bali.
Contrastando com a religião eminentemente islâmica na região desde o século 16, o que me levou a essa parte do país foram seus monumentos budistas e hinduístas, construídos há mais de 1.200 anos pela dinastia Sailendra. Os templos de Borodubur e Prambanan são os pontos de maior interesse, emoldurados pela densa floresta equatorial.
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Borodubur, o maior templo budista do mundo, tem seis plataformas retangulares formando a mandala principal e três níveis superiores em formato circular. Milhares de painéis em baixo relevo e mais de 500 estátuas relatam a história e os princípios da filosofia budista. No topo, 72 estátuas do Buda cobertas por stupas vazadas completam o impressionante cenário. Os monarcas hinduístas do século 8 permitiram que a população budista construísse esse templo, em mais um exemplo de respeito e sincretismo entre as duas religiões.
Mais próximo à cidade, o complexo hindu Prambanan foi erigido no mesmo período. Os templos são dedicados a Trimurti, tripla divindade representada pelo criador Brahma, o sustentador Vishnu e o transformador Shiva. Estão inseridos em um bem cuidado e florido parque.
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A típica arquitetura pontiaguda hinduísta, assim como stupas budistas, torres de igrejas cristãs e minaretes de mesquitas, remetem ao alto, convidando ao descolamento de nossa individualidade.
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Apesar de alguns inevitáveis danos ao longo de tanto tempo, as pedras perfeitamente encaixadas dos templos da região resistiram a mais de mil anos de terremotos, vulcões, guerras e vandalismo. Monumentos milenares como estes nos fazem pensar nas gerações de devotos que por ali passaram. Da mesma forma, nos fazem ponderar sobre nossa finitude e relativa insignificância, sugerindo que nossos propósitos sejam mais abrangentes do que limitados desejos individuais.
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Pelas ruas de Jogjacarta, a arquitetura do tempo colonial e as dezenas de mercados típicos ao ar livre dão um ar agradável à movimentada cidade. Animadas conversas com os simpáticos nativos mostram aspectos que não se aprendem de outras formas. Sorridentes e sempre dispostos a ajudar, pedem insistentemente (sem sucesso!) que eu prove o fétido e supostamente saboroso Durian, que chamam de rei das frutas. Graças ao aroma repugnante, a fruta é proibida em quase todos os hotéis do sudeste asiático.
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Aidir Parizzi Júnior – Natural de Santa Cruz do Sul, é engenheiro mecânico e reside no Reino Unido. É diretor global de suprimentos para uma multinacional britânica que atua no fornecimento de sistemas de controle e segurança para usinas de geração de energia, usinas nucleares e indústria de petróleo, gás natural e petroquímica.
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