ads1
GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Indonésia: Jogjacarta, uma joia javanesa

Construções budistas autorizadas por monarcas hinduístas são exemplo de sincretismo | Foto: Aidir Parizzi Júnior

Países complexos, com dimensões continentais, populosos e heterogêneos não podem ser resumidos em algumas frases ou mesmo páginas, sob risco de incorrer em generalizações sem sentido. China, Índia, Estados Unidos, Rússia e Brasil são exemplos típicos. Nesses casos, é melhor concentrar-se em regiões e povos inseridos nesses oceanos de diversidade.

A Indonésia é também um desses países. Seus 250 milhões de habitantes, a maior população islâmica do planeta, são distribuídos de maneira não uniforme no maior arquipélago do mundo, com mais de 17 mil ilhas.

Publicidade

Jogjacarta é a menor província da Indonésia, e a única ainda hoje governada por um pequeno sultanato, status concedido como agradecimento à monarquia local pelo apoio oferecido durante a Guerra da Independência, no final dos anos 40.

Publicidade


LEIA TAMBÉM: FOTOS: Laos, um dos países mais felizes do mundo

Após dias intensos de trabalho na caótica capital Jacarta, foi um alívio aterrissar nesta tranquila e histórica região central da Ilha de Java, turisticamente ofuscada pela popular costa oriental javanesa e pela vizinha Ilha de Bali.

Publicidade

Contrastando com a religião eminentemente islâmica na região desde o século 16, o que me levou a essa parte do país foram seus monumentos budistas e hinduístas, construídos há mais de 1.200 anos pela dinastia Sailendra. Os templos de Borodubur e Prambanan são os pontos de maior interesse, emoldurados pela densa floresta equatorial.

Publicidade

Javaneses são povo sorridente e gentil | Foto: Aidir Parizzi Júnior

LEIA MAIS:
Brunei: riqueza e silêncio em uma das monarquias do século 21
FOTOS: Brunei, a terra dos petrodólares

Borodubur, o maior templo budista do mundo, tem seis plataformas retangulares formando a mandala principal e três níveis superiores em formato circular. Milhares de painéis em baixo relevo e mais de 500 estátuas relatam a história e os princípios da filosofia budista. No topo, 72 estátuas do Buda cobertas por stupas vazadas completam o impressionante cenário. Os monarcas hinduístas do século 8 permitiram que a população budista construísse esse templo, em mais um exemplo de respeito e sincretismo entre as duas religiões.

Publicidade

Mais próximo à cidade, o complexo hindu Prambanan foi erigido no mesmo período. Os templos são dedicados a Trimurti, tripla divindade representada pelo criador Brahma, o sustentador Vishnu e o transformador Shiva. Estão inseridos em um bem cuidado e florido parque.

Publicidade

LEIA MAIS:
Mongólia, a terra na qual reinou Gengis Khan
Mongólia: na capital mais fria do mundo

A típica arquitetura pontiaguda hinduísta, assim como stupas budistas, torres de igrejas cristãs e minaretes de mesquitas, remetem ao alto, convidando ao descolamento de nossa individualidade.

Publicidade

Publicidade

Apesar de alguns inevitáveis danos ao longo de tanto tempo, as pedras perfeitamente encaixadas dos templos da região resistiram a mais de mil anos de terremotos, vulcões, guerras e vandalismo. Monumentos milenares como estes nos fazem pensar nas gerações de devotos que por ali passaram. Da mesma forma, nos fazem ponderar sobre nossa finitude e relativa insignificância, sugerindo que nossos propósitos sejam mais abrangentes do que limitados desejos individuais.

Complexo hindu Prambanan foi erigido no século 8 | Foto: Aidir Parizzi Júnior

LEIA MAIS: Campos de concentração para nunca mais esquecer

Pelas ruas de Jogjacarta, a arquitetura do tempo colonial e as dezenas de mercados típicos ao ar livre dão um ar agradável à movimentada cidade. Animadas conversas com os simpáticos nativos mostram aspectos que não se aprendem de outras formas. Sorridentes e sempre dispostos a ajudar, pedem insistentemente (sem sucesso!) que eu prove o fétido e supostamente saboroso Durian, que chamam de rei das frutas. Graças ao aroma repugnante, a fruta é proibida em quase todos os hotéis do sudeste asiático.

Publicidade

Dezenas de mercados típicos ao ar livre dão um ar agradável à movimentada cidade | Foto: Aidir Parizzi Júnior
Aidir visitou a menor província da Indonésia, com templos construídos há 1.200 anos

Aidir Parizzi Júnior – Natural de Santa Cruz do Sul, é engenheiro mecânico e reside no Reino Unido. É diretor global de suprimentos para uma multinacional britânica que atua no fornecimento de sistemas de controle e segurança para usinas de geração de energia, usinas nucleares e indústria de petróleo, gás natural e petroquímica.

LEIA MAIS: FOTOS: Nepal, espiritualidade e sincretismo no topo do mundo

Publicidade

© 2021 Gazeta