A pandemia do coronavírus pode ter alterado a rotina nas cidades, no Brasil e no mundo. Porém, na natureza os ciclos precisam ser obedecidos. E é assim que, quando pouco mais da metade do tabaco da safra 2019/20 foi negociado pelos produtores junto às indústrias, outro grupo de agricultores já começou o plantio do novo ciclo.
Isso ocorre com mais frequência no litoral de Santa Catarina, mas também começa a se tornar cada vez mais normal no Rio Grande do Sul. Ao longo desta semana, famílias do Sul do Estado, hoje grande polo de produção de tabaco, aproveitaram a chuva, após prolongada estiagem, para agilizar o transplante das mudas nas lavouras.
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Ao lado de dois ajudantes, plantaram nesta semana cerca de 30 mil pés, totalizando 45 mil já levados à lavoura – haviam plantado 15 mil ainda no dia 30 de abril. Naquela ocasião, precisaram fazê-lo com água, e depois ainda “aguaram” duas vezes para que as plantas resistissem ao sol. Mas desde a madrugada de segunda para terça-feira choveu 40 milímetros na região.
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E com uma peculiaridade: Luiz e o sogro possuem a única propriedade de Camaquã que se dedica a cultivo integral de tabaco orgânico, comercializado junto à empresa Japan Tobacco International (JTI). Com isso, diante da necessidade de observância plena dos preceitos orgânicos, eles ainda precisam ficar muito mais atentos ao manejo e às orientações técnicas em geral.
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A colheita do tabaco agora plantado deve se iniciar em agosto, seguindo o ciclo normal de três meses. “Como a previsão é de que venha mais uma La Niña pela frente no segundo semestre, o que vai acarretar de novo em pouca chuva, a gente buscou antecipar mais o plantio agora, para escapar do calor e da possível falta de chuva no verão”, explica.
Conforme Luiz, em entrevista por telefone para a Gazeta na noite de quinta-feira, a maioria dos vizinhos aproveitou as chuvas para agilizar o plantio nas lavouras preparadas para o cedo. Ao mesmo tempo, ele ainda possui cerca de 15% do tabaco da safra 2019/20 em casa para ser comercializado. “Deu média de 9,6 arrobas por mil, ainda um bom resultado diante da estiagem”, comenta. Além de tabaco, o casal cultiva produtos de subsistência, como milho, feijão e batatinha, e cria animais.
Segundo ele, o tabaco sempre fez parte das atividades na família, desde o período em que, ao lado de uma irmã e de um irmão, trabalhava com os pais. No tabaco orgânico, opção dele, da esposa e dos sogros, colheram a sexta safra, e ele se diz satisfeito diante da possibilidade de obter remuneração diferenciada. “Alguns produtores na região adotam um cultivo chamado de baixo resíduo”, explica. “Mas nós decidimos fazer a produção toda orgânica.”
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