O autor, que também é jurado do 8o Festival Santa Cruz de Cinema, participa de sessão de autógrafos hoje à tarde, na Iluminura
As produções cinematográficas do Rio Grande do Sul são valorizadas no livro Dicionário de filmes gaúchos – Longa-metragem 1911-2022. O organizador da obra, escritor, jornalista e cinéfilo Glênio Póvoas, participará nesta quarta-feira, 11, às 16h30 de uma sessão de autógrafos na Livraria e Cafeteria Iluminura.
Com 215 páginas, o trabalho reúne informações de 421 filmes produzidos ou coproduzidos no Estado. Contempla, por exemplo, o desenvolvimento do cinema realizado no Rio Grande do Sul a partir da década de 1950, com a ficção Vento Norte, de 1951, longa-metragem do diretor Salomão Scliar.
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O livro também aborda o início do período de produção regular, a partir de Coração de Luto, de 1967, longa-metragem baseado na canção e na vida do músico Teixeirinha. Inclui ainda obras do período do “cinema de bombacha e chimarrão” (com destaque a Teixeirinha) e o Novo Cinema Gaúcho, envolvendo produções filmadas em Caxias do Sul, Bagé, Erechim, Passo Fundo, Pelotas e Santa Maria, entre outras cidades.
Póvoas, que também é jurado da oitava edição do festival, explica que a obra é resultado de uma pesquisa iniciada no Portal do Cinema Gaúcho, durante a época da pandemia. Foram dois anos de trabalho, que resultaram na indexação de 910 obras.
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“Quando percebemos, tínhamos um volume incrível de informações. Mas também sentimos a necessidade de colocar esse trabalho no papel impresso”, detalhou. A obra é uma iniciativa do Instituto Estadual de Cinema (Iecine), da Secretaria de Estado da Cultura, e fez parte do projeto Primavera Gaúcha, para dar evidência à sétima arte estadual.
Gazeta do Sul – Qual a expectativa de participar do festival de cinema como jurado?
Glênio Póvoas – É muito bom, pela oportunidade de poder assistir a um conjunto de filmes, ainda mais curtas-metragens, a que não temos mais acesso. A janela dessas produções está muito restrita aos festivais. E quando fazemos parte do júri, vemos os filmes com uma outra responsabilidade, fica-se muito mais atento a todos os detalhes. É muito prazeroso, e estou agradecido por ter vindo.
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Já conhecia o festival?
Sim, conheço praticamente desde o início pela internet e já ouvi falar. Mas nunca tinha vindo. E é muito importante ser só curta-metragem, porque, como eu disse, acho que o único lugar que exibe curta é festival de cinema, porque não tem mais uma lei e eles não passam como um complemento dos filmes. É na televisão, eventualmente, um ou outro programa. Então, é muito importante que o festival também tenha apostado nessa categoria, persistido com isso e crescendo com essa opção.
Você é considerado o guardião do cinema gaúcho. O que o levou a se dedicar a ele?
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Eu já estou envolvido com isso há mais de 30 anos. Mais da metade da minha vida. Na década de 1990, fui fazer mestrado. Era uma pressão muito grande e comecei a pensar em fazer sobre cinema, algo que sempre trabalhei. E tinha que ser sobre cinema gaúcho, pois eu achava que existia uma lacuna em relação às histórias e à pesquisa de cinema gaúcho. Havia poucas pessoas interessadas. Então pensei em unir o útil ao agradável e incorporei isso na minha vida. Virou uma espécie de missão. Não tem nada de bairrismo, do Rio Grande do Sul ser melhor ou pior, não é isso. A questão era: se eu não fizer, quem é que vai fazer? Ninguém. Porque um paulista não vai se interessar pela história do cinema gaúcho. Ele vai ter que dar conta da história do cinema dele lá.
E como o senhor descreve o cinema gaúcho?
Pergunta bem complexa. É um cinema que é muito narrativo e aposta muito na história, com começo, meio e fim. Não é um cinema de muita experimentação, aposta em um modelo mais tradicional e filme mais clássico. Não é uma exclusividade aqui do Rio Grande do Sul, mas conseguimos hoje ter uma espécie de autossuficiência também, de conseguir produzir. Temos mão de obra qualificada hoje em dia, porque há muitas escolas de cinema abertas nos últimos anos. Antes, dizíamos que filme gaúcho é ruim porque é mal feito, não sabem filmar. Hoje você não pode mais dizer isso. Os filmes são bem feitos. Agora eles têm qualidade técnica, sabem filmar, sabem colocar uma câmera. É uma geração muito qualificada, que tem uma visão de mercado muito mais forte do que a da minha geração.
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