Santa Cruz do Sul

Magui Kaempf usa a arte como via de expressão

Uma mulher idealista, que sonha com igualdade e equidade, que lamenta as injustiças e deseja que todos tenham o seu lugar – um lugar com justiça financeira –, que não tolera a exploração humana e da natureza. Movida pelo coração, pela emoção e pelo direito de se manifestar; pelo reconhecimento da importância de cada um na sociedade, do artista e do protagonismo do indivíduo. Uma pessoa realizadora e, antes de tudo, sensível. Essa é a breve descrição da artista visual Margrid Kampf, a Magui, de 43 anos, que também atua como produtora cultural e consultora de projetos de cultura e desenvolvimento.

Natural de Porto Alegre, Magui chegou há quase nove anos a Santa Cruz do Sul e tem deixado seu legado de obras e inspirações. Mais do que isso, tem ajudado a valorizar o artista como profissional e mostrado a cultura como vetor de desenvolvimento. Consciente desses papeis, ela integra o coletivo Imaginário, criado pela setorial das Artes Visuais do Conselho Municipal de Cultura, em 2020, para divulgar o trabalho dos artistas e facilitar a venda de suas obras, driblando as restrições da pandemia de Covid-19. Esse coletivo reúne cem artistas locais e, desde 2023, Magui atua na equipe de coordenação.

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Ao criar oportunidades para que demais artistas sejam vistos e tenham trabalho seguro, ela contribui para que outras pessoas se desenvolvam e acreditem em si. “A cultura é essencial para a vida e se expressa justamente através da arte. É um direito constitucional, que está ali costurando as relações sociais, os nossos interesses.”

Além disso, Magui cita que os grupos que produzem arte são essenciais para tornar a cidade, o Estado ou País algo interessante, autêntico, com sua identidade e genuinidade. “Quando temos uma efervescência de criatividade, vêm interesses de fora, vem turismo e vem investimento, porque há uma sociedade pulsante, viva, e é a cultura que faz isso”, observa.

Aspectos como esses foram norteadores para Magui se dedicar à pesquisa sobre Cultura e Desenvolvimento de Território no mestrado que está cursando. Em sua dissertação, irá mostrar como a identidade territorial e o fortalecimento dessa identidade, através da sua memória, história e cultura, ajuda cidades atingidas por desastres a se reerguerem e se reconstruírem melhor. Seu foco de estudo é Muçum, no Vale do Taquari, atingida três vezes pelas enchentes.

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E não para aí. Recém-eleita presidente do Conselho Municipal de Cultura, Magui Kampf é a primeira representante do setor cultural a integrar o Conselho Regional de Desenvolvimento (Corede) do Vale do Rio Pardo. Uma de suas primeiras proposições é viabilizar, junto à Consulta Popular, recursos para a realização do Inventário do Patrimônio Cultural do Vale do Rio Pardo.

Emoções expostas

Embora já criasse espaços narrativos, Magui conta que não era necessariamente a sua arte, a sua essência. E foi inspirada na sua avó e na conexão familiar que teve a ideia de fazer sua primeira exposição em Santa Cruz: a Teia da Vida, lançada em julho de 2017. Os crochês feitos por sua avó ao longo da vida foram costurados, uns aos outros, e se transformaram em um manto que foi pendurado ao teto na sala do cofre da Casa das Artes Regina Simonis. O público que conferia a exposição podia sentar-se na cadeira de balanço que pertencia à sua avó e ficar observando o manto, vindo do alto, ali representando uma teia.
Logo depois, Magui começa a fazer curadorias e ajuda a organizar uma exposição, também na Casa das Artes, chamada Entre Sedas e Pedras. O trabalho foi lançado em março de 2018 e homenageou 50 mulheres – 15 delas de Santa Cruz do Sul – contando a biografia de cada uma e mostrando a contribuição que elas haviam deixado para transformar alguma coisa no mundo. “O trabalho tinha essa dualidade na luta feminina: a suavidade do trato feminino, da seda, mas também as pedras que nós, mulheres, precisamos suportar.”

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Elemento comum a essas duas exposições, o tecido também daria origem, em março de 2024, à exposição Terra Chama, resultado de pesquisas feitas por Magui durante cinco anos, enquanto visitava paisagens e territórios e buscava descobrir quais eram as emoções daqueles locais. “Enquanto eu perguntava para a terra, descobria as minhas próprias emoções e ia convidando outras mulheres a também sentirem isso comigo”, revela, mencionando a colaboração de diversas artistas e fotógrafas espalhadas pelo Brasil.

Através de fotos, vídeos de curta duração e de uma instalação tridimensional, Magui mostrou as emoções, as dores, angústias e alegrias que permeiam o universo feminino. Através de imagens captadas em Santa Cruz do Sul, Cidreira, São Paulo, Fernando de Noronha e Uruguai conectou, além do tecido, as paisagens naturais e os corpos femininos.

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Quem é Magui Kaempf

Tão logo se formou em Arquitetura, Magui Kampf saiu de Porto Alegre e foi morar em São Paulo. Depois cursou mestrado na França – nesse período, por cerca de três anos, também morou na Alemanha. No retorno ao Brasil, estabeleceu-se no Rio de Janeiro e manteve, por seis anos, uma empresa voltada à criação de projetos para museus e exposições. Por conta do falecimento de sua avó materna, veio do Rio de Janeiro a Santa Cruz do Sul para fazer companhia, por alguns meses, para sua mãe. No município, além do afeto familiar, encontrou qualidade de vida, tranquilidade e a oportunidade de se desenvolver como artista.

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carolina.appel

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