Com informações de Romar Beling/enviado especial
A comitiva brasileira que acompanha a COP-11, em Genebra, enfrenta dificuldades desde os primeiros dias de agenda. Entre as vozes que levantaram preocupação está a do presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Fumo e Alimentação (Stifa), Éder Rodrigues. Ele relatou que o grupo teve o credenciamento negado após diversas tentativas. “Infelizmente não conseguimos, não tivemos sucesso”, afirmou. Para ele, mesmo diante do impasse, a responsabilidade permanece: “Representamos mais de 17 mil trabalhadores e, considerando as famílias, mais de 50 mil pessoas.”
Rodrigues destacou que a cadeia do tabaco sustenta não apenas postos de trabalho diretos — cerca de 3 mil efetivos e 9,2 mil sazonais — mas também impacta setores da alimentação, como padarias, fábricas de massa e frigoríficos. “No final, todos dependem da cadeia do tabaco, pensando no todo”, explicou. Segundo ele, defender esses vínculos é o principal objetivo da presença da comitiva em Genebra. “Estamos aqui na busca de entender o que está acontecendo nessa agenda da COP e nos posicionarmos a favor do trabalhador.”
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Entre os temas que mais o preocupam nas discussões da COP-11 está a possibilidade de banimento do filtro de cigarro. “É o ponto que mais me chama atenção hoje”, enfatizou. Ele argumenta que o acessório, introduzido ao longo dos anos, trouxe mais segurança ao fumante e que sua retirada provocaria efeitos graves no mercado. “Quem fuma com filtro jamais vai fumar um cigarro sem filtro. O que ele vai migrar? Para o cigarro que vem do Paraguai.” Rodrigues alerta que o aumento do mercado ilícito ampliaria perdas para a indústria e resultaria em cortes. “Fábricas de cigarro vão perder postos de trabalho. O que que vai gerar isso? Desemprego. E isso nós não queremos sob hipótese alguma.”
O dirigente também mencionou preocupações com possíveis restrições à venda, componentes e volume produzido. Ele reforçou que muitas decisões são tomadas por países que “não têm nenhuma identificação com a produção ou a indústria do tabaco, mas têm voto aqui.” Para Rodrigues, isso reforça a necessidade de presença ativa da cadeia produtiva na conferência. “Precisamos defender a dignidade do nosso trabalhador.”
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Após um início difícil, ele avaliou que a terça-feira trouxe avanço. “Tivemos uma evolução nesta terça, no segundo dia”, afirmou, ao destacar a reunião com o embaixador Tovar da Silva Nunes, que abriu espaço para encontros oficiais com representantes brasileiros na COP-11. As reuniões ocorrerão nesta quarta e quinta-feira, 19 e 20, com deputados, prefeitos e entidades do setor. “Poderemos fazer nossos contrapontos e entender melhor o que está sendo discutido. Precisamos garantir que o nosso trabalhador tenha o salário, aquilo que bota a comida na mesa, e isso nós não abrimos mão.”
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