Com informações de Romar Beling/enviado especial
A Federação Nacional dos Trabalhadores na Indústria do Tabaco (Fentitabaco) relatou dificuldades para ingressar na 11ª Conferência das Partes (COP-11), em Genebra. Segundo o presidente da entidade, Rangel Marcon, mesmo com inscrição prévia feita no Brasil e após apresentar a documentação solicitada, o acesso foi negado. “Mesmo assim, não conseguimos entrar na COP, na assembleia”, afirmou. A situação levou a comitiva brasileira a buscar apoio do embaixador do Brasil na Suíça, que, conforme Rangel, se dispôs a abrir uma agenda para ouvir os representantes do setor.
Durante a entrevista, Marcon destacou a relevância da presença da federação na conferência e o impacto social do segmento no país. Ele explicou que a Fentitabaco reúne cinco sindicatos em quatro estados, representando trabalhadores fixos e sazonais, somando cerca de 50 mil profissionais ligados à indústria. “Sempre falo que não são 50 mil pessoas, são 50 mil famílias que trabalham no tabaco, considerando o Sul do Brasil”, destacou, ao reforçar que a renda do setor é fundamental para milhares de lares.
Publicidade
LEIA TAMBÉM: Após ter acesso negado à COP-11, comitiva do setor do tabaco terá reunião com embaixador brasileiro
O presidente da entidade também relatou que, após reunião com o embaixador brasileiro presente no evento, houve abertura para que os trabalhadores apresentem dados sobre o setor. “Amanhã [quarta-feira, 19] a gente quer sentar com ele, mostrar os números realmente dos trabalhadores, o que representa nessa cadeia tão importante”, afirmou. Rangel ainda contou sobre sua trajetória na área, desde a formação como engenheiro agrônomo até sua atuação sindical, ressaltando conhecer a cadeia produtiva “desde a folha à fumaça”.
A Fentitabaco divulgou nessa segunda-feira, 17, uma nota oficial sobre as restrições enfrentadas e reforçou a necessidade de participação na COP-11 para defender os interesses dos trabalhadores da indústria.
Publicidade
LEIA TAMBÉM: “Encontro muito promissor”, diz Airton Artus após reunião com embaixador em Genebra
Fentitabaco emite nota de repúdio
Uma das entidades que buscava a participação nas discussões da COP-11, a Federação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Tabaco e Afins (Fentitabaco), representada pelo presidente Rangel Marcon, encaminhou à imprensa uma nota de repúdio à negação do acesso à plenária. Confira na íntegra:
Publicidade
A Federação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Tabaco e Afins (Fentitabaco) manifesta profundo repúdio à decisão da organização da 11ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, em Genebra, na Suíça, que negou o acesso da representação dos trabalhadores brasileiros ao espaço de credenciamento oficial do evento. A entidade, que fala em nome de mais de 44 mil homens e mulheres que atuam diretamente nas indústrias do setor, recebeu com surpresa e indignação a informação de que sua presença na conferência não seria autorizada, mesmo após o cumprimento integral dos procedimentos exigidos.
O presidente da Fentitabaco, Rangel Marcon, relata que toda a documentação foi apresentada de forma transparente, incluindo declaração formal que comprovou não haver nenhum vínculo com empresas da cadeia produtiva que pudesse caracterizar conflito de interesses. Ele afirma que permaneceu por longo período no setor de credenciamento buscando resolver a situação, sem sucesso. “Foram diversos dias de cadastro e tentativas de atendimento. Apresentei meu passaporte, entreguei a declaração de representação sindical e aguardei enquanto repetiam o processo inúmeras vezes. Ao final, fui informado de que a entrada estava negada, mesmo representando os trabalhadores e suas entidades”, descreve.
A Fentitabaco reforça que decisões dessa natureza fragilizam o princípio democrático que deve nortear debates internacionais. A exclusão da voz dos trabalhadores em um espaço que historicamente traz temor e incertezas para milhares de famílias brasileiras aprofunda a sensação de que as Conferências das Partes continuam fechadas ao diálogo, impedindo que aqueles que vivem a realidade social e econômica do tabaco possam apresentar suas demandas e defender seus direitos.
Publicidade
Em respeito aos trabalhadores que representamos e à sociedade brasileira, a Federação seguirá mobilizada para denunciar a falta de transparência e de participação social no processo da COP-11. O país não pode aceitar que um segmento produtivo que sustenta milhares de empregos diretos seja deliberadamente silenciado em instâncias internacionais que impactam seu futuro.
Federação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Tabaco e Afins (Fentitabaco)
Rangel Marcon – Presidente
Publicidade
This website uses cookies.