Rio Pardo

Nível elevado do Jacuí mantém população de Rio Pardo em alerta; 85 pessoas estão em abrigos

As previsões de mais chuvas intensas para a região no fim de semana reacenderam o alerta das autoridades nos municípios que já haviam registrado alagamentos por causa das precipitações dos últimos dias. Em Rio Pardo, por exemplo, onde 98 pessoas ficaram desabrigadas e outras 185 desalojadas, a Defesa Civil municipal mantém os trabalhos de monitoramento do nível do Jacuí, que está em 13,25 metros (medição das 17 horas desse domingo, 29), o equivalente a 6,05 metros acima do leito. Enquanto isso, a orientação é para que as famílias permaneçam em abrigos e locais seguros até que a situação se estabilize.

Conforme o coordenador da Defesa Civil de Rio Pardo, tenente Dimas Gottardo, os trabalhos de remoção, especialmente de moradores ribeirinhos, aconteceram nos bairros Praça da Ponte, Rosário, Fortaleza, Jardim da Boa Vista, Ramiz Galvão e Parque São Jorge, bem como na Rua Boa Esperança e Avenida Perimetral. Os balneários Santa Vitória, Ingazeiros e Porto Ferreira continuam submersos. Dos locais atingidos na semana passada, continuam alagados a Praça da Ponte, a extensão da Rua São Benedito, o Parque São Jorge (próximo da Perimetral), a Praia dos Ingazeiros e a parte baixa do Bairro do Rosário, além das ruas São Miguel, São Paulo e São Nicolau.

LEIA TAMBÉM: Após um dia, Defesa Civil estadual desmobilizará gabinete de crise em Santa Cruz

Publicidade

Em razão disso, os moradores seguem assistidos nos seis abrigos montados no município – Ginásio Paulo César Castro, Ginásio Guerinão, Centro Comunitário do Mutirão dos Camargo, Salão Comunitário da Igreja Batista Higino Leitão, Centro Comunitário Higino Leitão e Centro Comunitário Vila Nova.

“Por prudência, nós orientamos que essas pessoas permaneçam em locais seguros, fora das casas, para ver como ficaria o cenário de ontem e hoje [sábado e domingo], que indicava chuvas intensas e volumosas em um curto espaço de tempo”, informou Gottardo. Ele observa que, nos casos viáveis, os moradores só deveriam retornar às suas casas para fazer a limpeza do imóvel, retornando em definitivo quando a situação for considerada segura.

Nesse aspecto, o coordenador da Defesa Civil de Rio Pardo reiterou o pedido de atenção e paciência às pessoas, até que se tenha uma nova orientação.

Publicidade

Estratégias

Tão logo os alertas meteorológicos foram divulgados, Rio Pardo começou a planejar a evacuação dos moradores das regiões mais baixas, que são os primeiros atingidos pelas cheias.

Já na segunda-feira passada, algumas famílias foram convidadas a deixarem suas casas antes que as águas invadissem os imóveis. Um dos pontos que concentraram maior número de famílias para remoção, pelo atual cenário do Rio Pardinho, foi o bairro Praça da Ponte, na antiga Estação Férrea, justamente por ser aquela região a mais próxima do Rio Pardo.

LEIA TAMBÉM: Confira quais serão os auxílios oferecidos pelo Unisc Serviços

Publicidade

“Qualquer elevação do rio atinge fatalmente as casas que estão ali. A gente tenta minimizar o sofrimento, atuando com mais rapidez, com atividades preventivas, orientando os moradores”, disse o coordenador da Defesa Civil, tenente Dimas Gottardo. “Uma coisa importante que aconteceu é que 80% daqueles moradores atenderam a nossa orientação e saíram antes da cheia, ‘sem molhar os pés’ e salvando suas coisas.”

Tenente Dimas: saída foi antes da cheia

Na sexta-feira, com os novos alertas de chuvas, a Defesa Civil deixou três equipes, cada uma com cinco pessoas, em prontidão. Também seguiu acompanhando a evolução das chuvas de hora em hora, juntamente com a Defesa Civil Estadual, de modo que, frente a alguma ocorrência, pudesse intervir de forma imediata – seja para atuar no resgate e na retirada de pessoas dos lugares de risco, seja para fazer a remoção de móveis e eletrodomésticos.

De forma preventiva, também ficaram de sobreaviso equipes da Secretaria de Obras, na cidade, e da Secretaria do Interior, com pessoas que moram no interior, além de caminhões, retroescavadeira e patrola, para atender as localidades.

Publicidade

Famílias em seis abrigos

No início da tarde desse domingo, a secretária do Trabalho, Cidadania e Assistência Social de Rio Pardo, Pâmela Rosa Santos, informou que cerca de 85 pessoas permaneciam nos seis abrigos instalados no município. Todas são assistidas pela secretaria pelo menos quatro vezes ao dia, com alimentação, itens de higiene e limpeza e roupas de inverno. Também contam com os serviços de saúde e educação, quando necessário.

Em um dos abrigos, no ginásio Guerinão, há três famílias. Elas contam com a estrutura de barracas humanitárias, que são testadas no Vale do Rio Pardo por meio de parceria entre a Defesa Civil do município e do Estado. São as Unidades Habitacionais Rápidas ou de Emergência, cujas estruturas modulares são fornecidas pelo Acnur (agência da ONU para Refugiados) para oferecer abrigo temporário a famílias deslocadas devido a crises humanitárias, como enchentes. Projetadas para serem montadas de forma rápida, oferecem espaço digno e seguro às famílias. Cada unidade tem cerca de 17 metros quadrados de espaço interno, podendo acomodar até cinco pessoas.

LEIA TAMBÉM: Rincão Gaia recebe reunião da Aturvarp para falar sobre preservação e recuperação ambiental

Publicidade

Duas barracas eram ocupadas por Franciele Schmidt de Freitas e Fabiana Souza da Silva, de 30 e 36 anos, respectivamente, moradoras de Ramiz Galvão. Cada uma delas estava acompanhada de quatro filhos. As duas famílias foram removidas para o abrigo no entardecer de sábado, após as casas de vizinhos terem sido invadidas pela água.

No caso de Franciele, que havia perdido tudo na enchente de 2024, a cheia da semana passada chegou no pátio dessa vez. “Saímos por precaução e em tempo de salvar as coisas. Ano passado, só deu tempo de retirar os animais e recolher nossos documentos”, disse, lembrando que seu imóvel é alugado.

LEIA TAMBÉM: FOTOS E VÍDEO: veja como foi a dimensão da enchente em Rio Pardo

Da mesma forma, Fabiana saiu com os filhos em tempo de evitar prejuízos. “Não entrou água na casa, mas não posso voltar para lá porque foi interditada pelas rachaduras; não temos para onde ir.” A situação da família, conforme a secretária Pâmela, está sendo acompanhada pelo Cras de referência. Há possibilidade de Fabiana retornar para uma casa provisória ou então acessar o benefício do Aluguel Social. “Vai depender da avaliação da rotina e das necessidades da família. Estamos articulando para atendê-los.”

Atualmente, Rio Pardo tem casas provisórias instaladas no Bairro Pinheiros e está concluindo a montagem de outras 20 unidades no Bairro Mutirão do Camargo, que serão destinadas a famílias do Bairro Várzea do Camargo, uma das áreas historicamente mais afetadas por enchentes. As avaliações das residências interditadas são feitas pela Defesa Civil e equipe de engenharia da Prefeitura.

LEIA MAIS DE RIO PARDO

Cláudia Priebe

Cláudia Priebe é natural de Candelária (RS). Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) desde 2005, onde também concluiu especialização MBA em Agronegócios, em 2008, começou a atuar na área ainda em 2002. Sua primeira experiência foi no meio impresso, no Jornal de Candelária, local em que, por mais de dois anos, desenvolveu atividades como repórter, fotógrafa e revisora. Entre 2005 e 2008 atuou no grupo das Rádios Sobradinho AM 1110 e Jacuí FM 97,3, em Sobradinho (RS). Nesse período desenvolveu atividades como redatora, repórter de rua, locutora e produtora de programas jornalísticos, além de fazer apresentações de eventos promovidos pelas duas emissoras. Em 2008 retornou para o meio impresso, desta vez para o jornalismo especializado, e atuou como jornalista freelancer da Editora Gazeta, da Gazeta Grupo de Comunicações. De 2009 a 2015 integrou a equipe da Folha de Candelária, também em Candelária, tendo acumulado as funções de repórter, fotógrafa, revisora e subeditora nos três primeiros anos e a edição geral, coordenando uma equipe de outros quatro repórteres, nos três anos finais. Nesse mesmo período prestou serviços para a Cassol Publicidade e Propaganda, de Candelária, na redação semanal das sessões da Câmara de Vereadores de Candelária. Entre os anos de 2015 a 2023 atuou como assessora de imprensa do Sindicato dos Empregados no Comércio de Santa Cruz do Sul, sendo responsável pela comunicação interna e externa da entidade, bem como pela produção e edição de materiais gráficos diversos. Em 2023 retornou para a Gazeta Grupo de Comunicações, onde atualmente se dedica à produção e edição de conteúdo para os cadernos especiais do jornal Gazeta do Sul e de conteúdos patrocinados para o Portal Gaz, atendendo clientes de segmentos como comércio, indústria e prestação de serviços. Eventualmente, atua, também, como revisora do jornal.

Share
Published by
Cláudia Priebe

This website uses cookies.