Santa Cruz do Sul

O desagradável peso da medicina

Por Romeu Bertoia, médico cirurgião cardiovascular

Na última semana, uma médica foi ameaçada de morte aqui em Santa Cruz, simplesmente por não fornecer atestado de afastamento a uma paciente que não possuía limitações para trabalhar. Há 22 anos, diariamente me dedico a aliviar dores, melhorar a qualidade de vida, e promover o bem-estar dos meus pacientes. Sempre digo que nós médicos não salvamos vidas, mas sim, adiamos a morte.

Dentre os diversos lugares que trabalho, atendo em média 125 pessoas por semana, entre consultas, exames e cirurgias. Quem me conhece sabe, tenho ótimo relacionamento médico-paciente. Prezo muito pela confiança mútua com aqueles que confiam em mim as suas vidas. Sou transparente, bom de “papo”, gosto de criar um ambiente leve e descontraído, mas também sou firme e rígido quando preciso, e “puxo as orelhas” dos pacientes sutilmente sempre que necessário.

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E mesmo eu sendo assim, já passei por situações semelhantes a dessa colega do Hospital Santa Cruz. Recentemente, ao recomendar a perda de peso para uma paciente, por muito pouco não fui agredido fisicamente. Posso afirmar: sou delicado ao abordar esse tema. E não há como não fazê-lo. É dever nosso, goste o paciente ou não.

A honestidade é a base da relação médico-paciente. Como médicos, precisamos dizer o que o paciente precisa ouvir, e não o que ele gostaria de ouvir. Infelizmente o mundo está obcecado pela vitimização, e o “politicamente correto” muitas vezes distorce a realidade. Nesse caso específico, entendo o estigma social da obesidade. Existe uma pressão por corpos “perfeitos”, muitas vezes inatingíveis, o que afeta não só a saúde física, mas também a saúde mental das pessoas.

Mas a paciente me ameaçou, me ofendeu verbalmente, e na sala de espera já de saída, me difamou para outros pacientes. Eu não perdi meu sono. Fiz o que precisava ser feito: orientá-la a emagrecer; e depois do ocorrido, tomar as medidas legais para que ela não repita isso novamente seja com quem for. Ser médico no Brasil está cada dia mais difícil. Me solidarizo com a jovem médica plantonista que passou pela situação que relatei acima. Seja forte e resiliente.

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Não podemos perder a razão, a compostura, a ética, e ignorar a ciência. A obesidade e o sobrepeso são responsáveis por 5 milhões de mortes por ano em todo mundo, mas veja, esse texto não é sobre emagrecimento…

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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